Projeto de privatização do Anhembi é alterado após pressão da bancada evangélica
A versão original do projeto definia apenas que o futuro dono do Anhembi terá de ceder o sambódromo por até 60 dias por ano para a realização do carnaval paulistano. Na semana passada, a chamada bancada cristã, que reúne 17 vereadores evangélicos e católicos, travou a votação do projeto e exigiu garantia semelhante no texto para a realização de seus eventos. A previsão é de que o projeto seja votado em primeira votação nesta quarta-feira, 27.
"A bancada evangélica quer os mesmos direitos do samba", resumiu o vereador Eduardo Tuma (PSDB), um dos líderes do grupo. Além de perderem o Anhembi, os vereadores temem que a privatização da São Paulo Turismo (SPTuris), empresa de eventos da Prefeitura, dificulte a realização de eventos religiosos em outros locais da cidade, como a Marcha Para Jesus, por exemplo.
"É a SPTuris que fornece palco, som e iluminação para os nossos eventos. Nós queremos uma garantia de que esse serviço continue sendo prestado pela SPTuris ou algum órgão da Prefeitura mesmo com a privatização da empresa e pagos com emenda parlamentar", disse Tuma. A bancada evangélica tem um peso importante nas votações da Câmara e pode barrar projetos de Doria caso decida se juntar à oposição, que tem 11 vereadores, somando, então, 28 votos.
Continuidade
A bancada discutiu o assunto nesta terça-feira, 26, em uma reunião na Câmara com os secretários municipais Julio Semeghini (Governo), Milton Flávio (Relações Governamentais) e Wilson Poit (Desestatização) e deve receber uma nova versão do projeto até o fim do dia.
"A ideia que está sendo maturada é de que a Prefeitura possa reservar um determinado espaço para que possa continuar executando, nesse complexo (Anhembi), eventos que no passado ela realizava", afirmou Milton Flávio. Segundo o secretário, a proposta é garantir que a Prefeitura possa ter prioridade para alugar algum espaço dentro do Anhembi, com desconto em relação ao preço de mercado, e fazer a cessão de uso para os eventos religiosos.
A decisão de vender o Anhembi junto com a SPTuris foi tomada por Doria para facilitar a negociação na Bolsa. A Prefeitura colocará à venda sua participação acionária na companhia, que é de 97%. Além disso, com as privatizações do Anhembi e do Autódromo de Interlagos, também administrado pela SPTuris, a estatal municipal ficaria sem função. Hoje, a empresa tem cerca de 400 funcionários e receita anual de quase R$ 250 milhões.
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