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Delação de fazendeiro levou Puccinelli para a cadeia da Lama Asfáltica

Valter Campanato/Agência Brasil
Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Fausto Macedo e Julia Affonso

São Paulo

14/11/2017 12h38

A delação do pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda foi o ponto de partida para a prisão do ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) na Operação Papiro de Lama, quinta etapa da Lama Asfáltica, deflagrada nesta terça-feira (14) pela Polícia Federal. Miranda é apontado como operador de propinas e foi citado em outra delação, de executivos da JBS.

Puccinelli foi preso logo ao amanhecer por agentes da PF. Ele estava em sua residência, em Campo Grande. O filho do ex-governador, advogado André Puccinelli Júnior, foi levado para depor na PF.

A Polícia Federal já havia requisitado anteriormente a prisão do peemedebista, em maio, mas a Justiça não autorizou a medida. Na ocasião, foi determinado o monitoramento do ex-governador por tornozeleira eletrônica. Nesta quinta etapa da Lama Asfáltica, a PF insistiu no decreto de prisão de Puccinelli, apresentando, entre outras provas, os relatos de Miranda.

O fazendeiro contou que pegava a propina em dinheiro vivo em São Paulo e levava até Puccinelli. O dinheiro era levado em mochilas e caixas, revelou o delator. O nome de Miranda surgiu na quarta fase da Lama Asfáltica. Executivos da JBS, que fecharam acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, o citaram como suposto operador do esquema Puccinelli no período entre 2007 e 2014.

O empresário Wesley Batista, um dos acionistas da J&F - atualmente preso na PF em São Paulo -, contou em sua delação que o então governador do PMDB e o pecuarista entraram em rota de colisão, no fim do mandato de Puccinelli, em 2014.

Miranda não está entre os presos da Papiro de Lama. Segundo a PF, ele usa o termo "comissão" ao se referir ao dinheiro que levava a Puccinelli. A PF assinala que as provas contra o ex-governador não se limitam aos relatos do fazendeiro delator.

"Não é só o testemunho dele (Miranda). Documentos comprovam (a delação)", diz um investigador. "Óbvio que quem paga e quem recebe propina, normalmente, não vai dar um recibo. Então, todo o arcabouço tem que ser comprovado de forma documental. No caso da Lama Asfáltica não têm recibos, mas planilhas."