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Em meio a onda de violência, Pezão diz que colocará mais 2.000 policiais nas ruas do Rio

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão - REUTERS/Adriano Machado
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão Imagem: REUTERS/Adriano Machado

Roberta Jansen

Rio

08/02/2018 14h26

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), afirmou nesta quinta-feira (8) que colocará mais 2.000 policiais por dia nas ruas do Rio.

Ele afirmou que pagará R$ 76 milhões em atrasados a partir de fevereiro, em quatro parcelas, com recursos próprios, graças ao aumento de 12,5% da arrecadação. E disse "torcer" para que as medidas reduzam os índices de violência no Estado.

O anúncio veio um dia depois que mais uma criança foi vítima de bala perdida --a terceira em 48 horas. Um menino de quatro anos foi atingido por uma bala perdida na noite desta quarta-feira (7) na comunidade da Linha, em São Gonçalo, município da região metropolitana do Rio de Janeiro. O estado de João Pedro Soares é grave. Ele passou por cirurgia no Hospital Estadual Alberto Torres e está internado na CTI pediátrica.

O corpo do adolescente Jeremias Moraes da Silva, de 13 anos, morto a tiros no Complexo da Maré, zona norte do Rio, foi enterrado nesta quinta-feira (8). A mãe do menino, a auxiliar de serviços gerais Vânia Moraes, chegou a desmaiar no enterro, realizado no cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, também na zona norte. Jeremias foi atingido durante operação policial na terça-feira (6), quando voltava de uma partida de futebol. Ele chegou a ser socorrido por bombeiros, mas chegou morto ao hospital.

Mãe adolescente morto Maré - Pablo Jacob/Agência O Globo - Pablo Jacob/Agência O Globo
8.fev.2018 - Vânia Moraes, mãe de Jeremias, morto aos 13 anos na Maré
Imagem: Pablo Jacob/Agência O Globo

O governador afirmou que as parcerias são fundamentais e anunciou que as baías de Angra, Sepetiba e Paraty terão patrulhamento das forças federais de segurança para combater o tráfico de drogas.

Aumento da arrecadação

O governo do estado do Rio de Janeiro anunciou na tarde de hoje que o aumento na arrecadação nos últimos quatro meses permitirá o pagamento mensal de R$ 9 milhões em horas extras a policiais militares e civis, o que deve aumentar o patrulhamento ostensivo em 2.000 policiais por dia.

Os pagamentos ficaram atrasados e foram suspensos devido à crise financeira do Estado e, segundo o governador, foram novamente viabilizados pelo aumento médio de 12,5% por mês na arrecadação desde outubro.

"A gente já vem em um cenário de quatro meses, outubro, novembro, dezembro e janeiro, em média, com esse aumento de arrecadação. Isso possibilita a gente retomar o plano de metas nos batalhões e na policia civil", disse Pezão, que se reuniu nesta tarde com o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, com o comandante-geral da Policia Militar (PM), Wolney Dias, e com o chefe de Polícia Civil, Carlos Leba.

O restabelecimento do plano de metas e o pagamento de horas extras estão entre as responsabilidades do governo do Estado no protocolo de intenções assinado com o governo federal, para o planejamento e execução do plano integrado de segurança pública.

Segundo Pezão, os recursos para o pagamento já estão disponíveis para a contratação de novas horas extras, e as que estavam atrasadas, somando R$ 13 milhões, serão quitadas amanhã. Também serão pagos cerca de 8 milhões do Programa Estadual de Interação na Segurança e, nos meses de fevereiro, março, abril e maio, o governo planeja quitar prêmios pelo cumprimento de metas, que somam R$ 76 milhões e estavam atrasados.

As horas extras de policiais militares, chamadas de Regimes Adicionais de Serviço (RAS), são pagas para que policiais trabalhem em seus dias de folga, o que possibilita o aumento do contingente. Os policiais serão enviados para locais em que há maior criminalidade na cidade do Rio de Janeiro, na região metropolitana e nas cidades de Angra dos Reis e Paraty, que foram mapeadas como rotas de traficantes internacionais.

Ainda segundo o governador, helicópteros do governo federal serão usados no patrulhamento das baías de Guanabara e de Sepetiba para aumentar o cerco contra o tráfico de armas e drogas. Os helicópteros do Grupamento Aeromóvel, que vinham sendo usados em apoio a operações policiais, passarão a fazer radiopatrulhamento ostensivo em cada uma das sete regiões integradas de segurança pública em que se divide o Estado do Rio de Janeiro.

UPPs

O secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, confirmou que os policiais militares de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) passarão a fazer o policiamento do entorno das comunidades em que estão baseados, em parceria com o batalhão da área. Segundo o secretário, a medida indica um redimensionamento do programa.

Sobre as UPPs, Pezão afirmou que o programa não vai acabar e disse que não considera que ele tenha fracassado.

"Não acho que a UPP fracassou. Ela pode ter sofrido um abalo como toda a área de segurança está sofrendo no Brasil inteiro. No Brasil inteiro, os índices aumentaram. E aqui não foi diferente, em um território conflagrado. Não é fácil em uma crise econômica enfrentar o que a gente enfrenta no Rio de Janeiro"., disse o secretário.

Décimo terceiro

A previsão do governo estadual é de que o pagamento dos salários de janeiro de todo o funcionalismo público seja feito no próximo dia 16. Já o décimo terceiro salário atrasado de 2017, segundo Pezão, só vai ser quitado nos primeiros 15 dias de março.

Cerca de 300 mil servidores receberão o 13º salário do ano passado e o governo do estado ainda deve o pagamento a 140 mil.

(Com Agência Brasil)