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Lula envia recado à militância e pede "reorganização"; aliado fala em "anistia"

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi o último lugar em que Lula esteve antes de ser preso - Andre Penner/AP Photo
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi o último lugar em que Lula esteve antes de ser preso Imagem: Andre Penner/AP Photo

Daniel Weterman

São Bernardo do Campo

10/12/2018 20h40

Em uma mensagem transmitida através do presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, pediu reorganização da militância após a derrota eleitoral do candidato à Presidência Fernando Haddad. No PT, integrantes do partido admitem a dificuldade de mobilização da esquerda no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

"Ele disse: diga à nossa militância que eu estou aqui, mas não arredo um milímetro na saúde; cabeça erguida, reorganização e vamos vencer, perdemos uma eleição mas não perdemos a guerra", disse Marinho, em discurso na noite desta segunda-feira (10) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), local onde Lula foi preso ao se entregar à Polícia Federal, em abril deste ano.

No ato, estão presentes dirigentes do PT, de movimentos e entidades aliados à legenda e o ex-candidato à Presidência Fernando Haddad.

O partido relaciona a Declaração dos Direitos Humanos, que comemora 70 anos nesta segunda, para reafirmar que Lula é um preso político. Militantes distribuem máscaras com a foto de Lula e reúnem cartas e cartões postais para enviar ao ex-presidente.

Com um pedido de habeas corpus que teve julgamento interrompido no Supremo Tribunal Federal (STF), a legenda petista organiza levar militantes para passar o Natal e a Virada de Ano em frente ao prédio da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente está preso desde 7 de abril.

Gleisi

Após o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), pedir um "voto de confiança" dos que não o apoiaram na eleição, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou que o País não ficará pacificado enquanto Lula estiver preso. Bolsonaro discursou na tarde desta segunda durante cerimônia na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em que ele e seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB), foram diplomados.

No ato no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Gleisi endureceu o tom contra o governo Bolsonaro e fez novamente críticas ao ex-juiz Sergio Moro, que condenou Lula na Lava Jato e será o ministro da Justiça e Segurança Pública a partir de janeiro.

"A defesa de Lula é a defesa de uma ideia, é a defesa de um projeto de um povo. E não haverá pacificação do Brasil enquanto Luiz Inácio Lula da Silva estiver preso", discursou Gleisi.

Anistia

Durante o ato, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que faz visitas regulares ao ex-presidente na prisão em Curitiba, defendeu que se discuta anistia no País e declarou que "tirar Lula" deve ser a principal tarefa dos militantes.

Além disso, Greenhalgh relacionou a condenação do petista com a nomeação do ex-juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro. "Agora se sabe que ele Moro tinha contatos com o comando e com a alta cúpula desta campanha de Bolsonaro. Agora se sabe o porquê da perseguição ao Lula."

"O Brasil caminha a passos largos para uma ditadura no Poder Judiciário. Vamos passar a fazer o que fizemos na ditadura militar, denunciando torturas, buscando anistia, redemocratização. Tirar Lula é nossa principal luta, nossa primeira luta", disse o advogado, enfatizando que o petista quer um julgamento justo e que é inocente.