Ao lado do zôo, há um oásis selvagem em SP a ser mapeado, com 236 espécies
É no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga que os bichos, sem ter para onde passear além da mata, circulam em um hábitat natural. Pesquisadores do Zoológico identificaram nos últimos anos 157 espécies de aves, 25 de répteis e anfíbios e 29 de mamíferos orbitando a região cercada. São bichos-preguiça, morcegos, marsupiais, bugios, sapos, rãs, serpentes, lagartos, jabutis.
Os principais estudos são realizados com bichos-preguiça e bugios. Hoje, biólogos estão em campo para elaboração do censo dos primatas que vivem soltos na mata ao redor do Zoológico. O que se sabe é que os bugios já passam de cem. Os pesquisadores trabalham para cravar o total em 2019.
Eles são monitorados desde 2012. Em seis anos, foram atendidos 184 primatas por impactos externos, como atropelamento, descarga elétrica e predação, entre outros. Dois anos atrás, um acordo com a Eletropaulo modernizou a fiação elétrica - utilizada pelos primatas para locomoção, o que os levava a óbito. Isso zerou o número de atendimentos do animais por descarga elétrica.
A pesquisa que apontou as causas de ferimentos e mortes dos bugios é do biólogo Cauê Monticelli, então curador responsável pelo setor de mamíferos do Zoológico. "O estudo começou depois que muitos bugios apareciam mortos por choque na fiação. Os atropelamentos ocorriam também, principalmente na hora de atravessar ruas e avenidas próximas." Para proporcionar um deslocamento seguro dos bugios, foram instaladas na Avenida Miguel Estéfano - que circunda o parque - duas pontes para os animais caminharem por cima dos veículos. As estruturas são de cordas e estacas. Outros animais também passaram a utilizar a estrutura, como marsupiais e gambás. "Todos os animais que ocupam a parte superior da floresta, com exceção das preguiças, começaram a usar."
Além da conclusão do censo atualizado de bugios, também para o ano que vem está prevista a entrega de mais duas pontes sobre a avenida. A expectativa é de que já em janeiro as estruturas estejam instaladas. Mais duas estão em confecção. Ao todo, serão seis. Segundo Monticelli, as travessias duram mais de dez anos, sem a necessidade de manutenção.
Está também em processo de levantamento o estudo genético dos bugios residentes do entorno. Eles são capturados, têm o sangue coletado e analisado em laboratório para o diagnóstico da diversidade genética. "Como é um grupo isolado, que vive em um lugar fechado, precisamos saber com quais animais estão cruzando, para ver se a consanguinidade já é um problema e quais medidas podem ser tomadas para minimizar isso", afirma Monticelli.
Interação
As mais de 200 espécies de animais do entorno do Zoológico interagem com visitantes e os bichos em cativeiro. À noite, é praxe: funcionários precisam retirar os sacos de lixo para que os gambás não revirem e sujem tudo.
A comida dos animais em cativeiro também precisa ser retirada das gaiolas para que os bichos menores que andam soltos não invadam em busca de comida. Os carnívoros maiores, como tigres e leões, são isolados em uma área restrita e fechada onde podem se alimentar sem risco de contato exterior com os bichos da mata.
Monticelli conta que em relação aos visitantes, quando veem animais soltos, o primeiro pensamento é: "eles fugiram". "Vêm avisar para a gente que os macacos, por exemplo, fugiram da gaiola. E acabam se surpreendendo com os bichos soltos", relata.
Bichos-preguiça
Além dos bugios, também são estudados os bichos-preguiça do parque. Funcionária do zoológico no setor de mamíferos, a bióloga Amanda Alves acompanhou por um ano o comportamento dos animais, fazendo o levantamento dos grupos. "Eles são animais solitários, alimentam-se de folhas e normalmente são encontrados perto das embaúbas. Já encontramos de todas as idades, de filhotes recém-nascidos a animais mais idosos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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