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Futuro ministro diz que 'divina providência' uniu Bolsonaro e Olavo de Carvalho

Beatriz Bulla, correspondente

Washington

28/12/2018 22h36

O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, escreveu artigo para a edição de janeiro da revista americana The New Criterion no qual diz que "Deus está de volta" no Brasil e afirma que acredita que foi a "divina providência" que "uniu as ideias de Olavo de Carvalho à determinação e ao patriotismo de Jair Bolsonaro". Segundo ele, o filósofo Olavo de Carvalho, Bolsonaro e a Operação Lava Jato foram responsáveis por quebrar o "marxismo cultural" estabelecido pelo PT.

Araújo, que definirá os rumos da política externa do País no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, argumenta que a ausência de Deus foi parte dos problemas do Brasil nos últimos anos.

"Ao longo dos últimos anos o Brasil se tornou uma fossa de corrupção e aflição. O fato de que as pessoas não falavam sobre Deus e não traziam a sua fé para a praça pública certamente era parte do problema", escreve Araújo. "Agora que um presidente fala sobre Deus e expressa a sua fé de um jeito profundo e sincero, isso deve ser visto como um problema? Pelo contrário", continua o futuro ministro.

Ele diz que seus "detratores" o chamaram de "louco" por acreditar em Deus. "Mas eu não me importo. Deus está de volta e a nação está de volta. Uma nação com Deus; Deus através da nação. No Brasil (ao menos), o nacionalismo se transformou no veículo da fé, a fé se tornou o catalisador do nacionalismo, e ambos acenderam uma empolgante onda de liberdade e de novas possibilidades", escreve o ministro.

Segundo ele, o PT, MDB e PSDB agiram de forma coordenada desde a redemocratização. O País, escreve Araújo, passou por um sistema "capitalista tradicional, oligárquico, no final dos anos 80" e depois foi a um "falso liberalismo econômico nos anos 1990, até chegar ao globalismo sob o PT", que, segundo ele, instalou o marxismo cultural e um governo corrupto.

"O MDB tornou-se o partido júnior na coalizão do PT, enquanto o PSDB assumiu o papel de oposição domesticada, participando de eleições presidenciais de quarto em quatro anos, nas quais seu papel era perder nobremente para o PT", escreve o embaixador.

Ao falar do PT, o embaixador e futuro ministro diz que o partido tomou controle de "todos os níveis" da burocracia e dominou a economia através das estatais e dos bancos públicos, e criou um "mecanismo completo de crime e de corrupção". O futuro ministro argumenta que uma agenda de esquerda "rapidamente tomou conta da sociedade brasileira".

"Então o que quebrou esse sistema? Olavo de Carvalho, a Operação Lava Jato e Jair Bolsonaro", escreve o futuro ministro de relações exteriores. Ele credita às redes sociais o fato de ideias de Olavo de Carvalho terem alcançado "milhares de pessoas".

O embaixador afirma que o Brasil passa por um "renascimento político e espiritual" e que "agora podemos viver num mundo em que criminosos podem ser presos" e "em que nós podemos ter orgulho de nossos símbolos e praticar nossa fé".

No texto, Araújo chama Fernando Haddad, que disputou a presidência pelo PT na eleição de 2018, de "candidato marxista", critica o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao fazer um retrospecto sobre movimentos políticos no Brasil, Ernesto Araújo cita o período da ditadura militar e chama de "regime estabelecido em 1964", o que, segundo ele, é "erroneamente chamado de regime militar".

Sobre política externa, ele afirma que o país tocou a "melodia globalista", que ajudou a transferir poder dos Estados Unidos e da aliança ocidental para a China; favoreceu o Irã e deu força a uma nova "cortina de ferro" socialista na América Latina. "Tudo isso ocorreu sob o olhar benigno de Barack Obama, que raramente levantou um dedo para combater qualquer regime socialista ou islâmico", escreveu Araújo.