Topo

Ibama exonera servidor que multou Bolsonaro por pesca irregular

Evaristo Sá - 7.jan.2019/AFP
Imagem: Evaristo Sá - 7.jan.2019/AFP

André Borges

Em Brasília

28/03/2019 13h32

O servidor do Ibama que multou o então deputado Jair Bolsonaro em 2012, por pesca irregular em uma área de proteção ambiental no Rio de Janeiro, foi exonerado nesta quinta-feira, 28. A dispensa de José Olímpio Augusto Morelli, que atuava um cargo de comissão na Dipro (Diretoria de Proteção Ambiental), foi publicada no Diário Oficial da União.

O Estadão/Broadcast apurou que a decisão de retirar Morelli do cargo foi tomada pelo major da Polícia Militar Olivaldi Alves Borges Azevedo, que foi nomeado em janeiro por Bolsonaro, para assumir o comando da Dipro, ao qual o Morelli estava subordinado.

No DOU, a dispensa de José Olímpio Augusto Morelli é assinada pelo presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim. Sua saída do cargo, no entanto, está diretamente atrelada à decisão do major escolhido por Bolsonaro, nomeado para a diretoria do Ibama em 10 de janeiro.

Um dia antes da nomeação de Olivaldi para o cargo, o Ibama anulou a decisão que multou em R$ 10 mil o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela pesca irregular, em Angra dos Reis (RJ). A decisão se apoiou em um parecer da AGU (Advocacia-Geral da União), dado no dia 20 de dezembro do ano passado, durante o governo de Michel Temer. A AGU entendeu que Bolsonaro não contou, no processo, com o "amplo direito de defesa". A autuação de Bolsonaro em flagrante não foi anulada e o mérito do processo ainda deve ser alvo de julgamento.

No dia 4 de janeiro, logo após a posse de Bolsonaro, um superintendente substituto do Ibama no Rio de Janeiro encaminhou um ofício diretamente a Bolsonaro para informar que "a decisão proferida deliberou pela nulidade das decisões administrativas" do caso. Ou seja, anulou todos os atos tomados e que levaram à confirmação da multa.

Em janeiro de 2012, o então deputado Bolsonaro foi flagrado pescando na Estação Ecológica de Tamoios --uma área protegida--, entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty, no Rio. Em sua defesa, Bolsonaro já afirmou que tinha um documento do Ministério da Pesca liberando a atividade artesanal naquela região.

O nome do presidente também foi retirado do cadastro de pessoas físicas e jurídicas com dívidas ativas com a União. "A autoridade julgadora deliberou pela baixa imediata da restrição de crédito que ora alcança a parte, em decorrência da sua inscrição no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal)", informou o ofício enviado pelo Ibama do Rio de Janeiro.

Pessoas que trabalham com o servidor José Olímpio Augusto Morelli, que emitiu o auto de infração, o descrevem com um servidor de perfil técnico e discreto. Na equipe da Dipro, onde atuava, ele foi o único exonerado até agora.

Olivaldi Alves Borges Azevedo, que era subcomandante da Polícia Militar Ambiental de São José do Rio Preto (SP), é conhecido por sua atuação no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), órgão que o Ministério do Meio Ambiente pretende revisar, para reduzir o número de conselheiros.

Maia e Bolsonaro voltam a trocar farpas na imprensa

Band Notí­cias