Bolsonaro tenta capitalizar título do Brasil no Maracanã
A agenda no Maracanã foi mais um episódio em que o presidente brasileiro buscou vincular seu governo a um apoio popular. Bolsonaro havia dito que pretendia ir ao gramado acompanhado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, após ser questionado sobre mensagens atribuídas ao ex-juiz e a procuradores da Lava Jato divulgadas pela revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil. "O povo vai dizer se nós estamos certos ou não", afirmou Bolsonaro na sexta-feira passada.
Segundo o Palácio do Planalto, o presidente viajou na tarde do domingo para o Rio com uma comitiva bem maior: nove ministros no total - além de Moro, estava entre eles o titular da Economia, Paulo Guedes. Também estavam lá dois dos seus filhos e deputados aliados.
Havia a expectativa de que Bolsonaro entregasse a taça de campeão ao capitão brasileiro, o lateral Daniel Alves, mas o presidente participou somente da entrega de medalhas. Ele, porém, se integrou aos jogadores e membros da comissão técnica e tirou foto com o troféu nas mãos. Alguns jogadores e membros da delegação fizeram um coro de "mito", como os mais fiéis seguidores de Bolsonaro costumam se referir a ele. Depois, a comitiva presidencial foi vaiada quando caminhou pelo gramado rumo ao túnel de saída.
Durante a premiação, Bolsonaro cumprimentou os jogadores da seleção brasileira, e a torcida não reagiu - os aplausos surgiam a cada atleta anunciado, e, aparentemente, não se referiam ao presidente nem aos ministros e parlamentares.
Ao longo do jogo, também não houve reação da plateia a Bolsonaro e sua comitiva. Os políticos chegaram quando a cerimônia de encerramento da competição, realizada antes da partida, já havia começado. As redes sociais do presidente publicaram vídeos e fotos. Em um deles, Bolsonaro comemora um dos gols da seleção e levanta o braço de Moro.
Alvo de uma série de reportagens sobre mensagens atribuídas a ele e procuradores da Lava Jato, o ministro da Justiça já havia acompanhado o presidente no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para ver CSA x Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro.
'Interferência'
Sem a companhia de Moro, Bolsonaro esteve na semana passada no Mineirão, onde assistiu à semifinal entre Brasil e Argentina, vencida pela equipe brasileira por 2 a 0. Antes da partida, o presidente se reuniu com Neymar, que havia sido cortado da seleção por lesão.
Bolsonaro deixou a área reservada à sua comitiva e desceu ao gramado do estádio. O presidente passou perto da arquibancada, pegou uma bandeira entregue por torcedores, a agitou e depois a devolveu. O Mineirão se dividiu entre vaias e aplausos, e Bolsonaro disse que as vaias eram dirigidas à seleção da Argentina, que havia voltado ao campo.
Após a semifinal, a Federação de Futebol da Argentina (AFA) formalizou uma reclamação à Conmebol, entidade organizadora da Copa América, em que classificou a passagem de Bolsonaro pelo gramado como uma "interferência política". A entidade, no entanto, considerou normal a atitude do presidente.
Neste domingo havia também a expectativa de que ele repetisse a atitude na partida semifinal e entrasse no gramado durante o intervalo, o que não ocorreu.
Antes, quando comemorou o primeiro gol do Brasil, o presidente sofreu um escorregão ao levantar da poltrona em que estava, mas não chegou a cair. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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