Governo do Rio emite nota de pesar sobre caso Agatha, mas Witzel não se manifesta
Em meio a protestos de moradores do Complexo do Alemão e à crescente pressão nas redes sociais, o Governo do Estado do Rio de Janeiro emitiu, na tarde deste domingo, 22, uma nota de pesar sobre a morte da menina Agatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, atingida por um tiro de fuzil no Complexo do Alemão na noite de sexta-feira.
Até às 15h09, o governador Wilson Witzel (PSC) não havia se manifestado. Diversas autoridades políticas, entre elas o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, postaram manifestações sobre o assunto nas redes sociais.
No texto publicado no Twitter, que não leva assinatura, o governo informa que a Polícia Militar do Rio de Janeiro abriu um procedimento para apurar a ação dos policiais. "O Governo do Estado lamenta profundamente a morte da menina Agatha, assim como a de todas as vítimas inocentes, durante ações policiais", diz a nota. De acordo com o governo, criminosos fizeram ataques simultâneos em diversas localidades do Complexo do Alemão na noite de sexta-feira, o que teria feito os policiais da UPP Fazendinha revidarem.
"Após confronto, foram informados por moradores que a menina tinha sido atingida e levada para o Hospital Getúlio Vargas", diz a nota. A versão é contestada pela família de Agatha, que negou ter havido confronto e relatou que os policiais atiraram contra uma motocicleta que passava na hora, atingindo Agatha dentro da Kombi em que viajava.
Mesmo com a nota institucional do governo, cresce nas redes sociais uma cobrança por um posicionamento pessoal do governador Witzel. Neste domingo, Witzel tuitou duas vezes, uma parabenizando o município de São Gonçalo pelo aniversário de 129 anos e outra sobre o Dia Mundial Sem Carro.
Também no Twitter, o deputado Rodrigo Maia prestou solidariedade à família de Agatha. "Qualquer pai e mãe consegue se imaginar no lugar da família da Agatha e sabe o tamanho dessa dor. Expresso minha solidariedade aos familiares sabendo que não há palavra que diminua tamanho sofrimento", disse Maia. "É por isso que defendo uma avaliação muito cuidadosa e criteriosa sobre o excludente de ilicitude que está em discussão no Parlamento."
O ministro Gilmar Mendes classificou o número de mortes resultantes de ações policiais nas favelas como "alarmantes" e chamou atenção para o número de crianças baleadas neste ano. "Uma política de segurança pública eficiente deve se pautar pelo respeito à dignidade e à vida humana", afirmou.
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