Atos expõem disputa entre Bolsonaro e governadores
Bolsonaro e Witzel se afastaram após o governador manifestar diversas vezes que sua intenção é chegar ao Palácio do Planalto. Bolsonaro também olhou para o governador quando falou em "inimigos internos".
Tanto Witzel quanto o governador de São Paulo foram eleitos com campanhas associadas ao então candidato do PSL. Na capital paulista, Doria e o presidente se encontraram pela primeira vez em um evento público após o desgaste provocado por críticas mútuas. Bolsonaro chegou a afirmar que o tucano é "ejaculação precoce" ao comentar a possibilidade de o governador concorrer em 2022. Doria, por sua vez, fez duras críticas ao discurso do presidente na Assembleia-Geral da ONU e recentemente afirmou que "nunca foi bolsonarista" - apesar de ter utilizado o slogan "Bolsodoria" no segundo turno da eleição do ano passado.
Ontem, porém, ao discursar, Doria fez um gesto para o presidente e disse que ele é um "amigo dos brasileiros em São Paulo". "Fiz questão de estar presente para mostrar que o Estado de São Paulo é parceiro das boas ações do Brasil. O que for positivo para o Brasil e para São Paulo, o governador estará ao lado. Em São Paulo, não fazemos oposição ao Brasil", disse Doria, cuja presença era dúvida até horas antes da formatura, quando o compromisso foi incluído em sua agenda oficial. Doria foi vaiado ao chegar e ao discursar no evento, que reuniu um público de cerca de 5 mil pessoas, conforme a PM.
No entorno do governador, a avaliação é de que as vaias aconteceram por causa da presença do senador Major Olimpio (PSL), da reserva da PM e que tem um histórico de oposição aos governos tucanos no Estado. Doria não comentou as vaias.
Bolsonaro, ao discursar, elogiou militares, criticou governos que o antecederam disse "os únicos a quem deve obediência" são as pessoas. Citou protocolarmente Doria no início de sua fala e depois não fez mais menções ao governador. Os dois deixaram o evento sem falar com a imprensa.
Horas depois, na região metropolitana do Rio, no Complexo Naval, o presidente se referiu aos inimigos ao se dirigir ao governador fluminense. "Como político digo a vocês, o nosso partido é o Brasil. Temos inimigos dentro e fora do Brasil. Os de dentro são os mais terríveis", afirmou Bolsonaro. "Trabalho para que, no futuro, quem, por ventura, de forma ética, moral e sem covardia um dia por acaso venha assumir o destino da nossa nação encontre a nossa pátria numa situação bem melhor do que assumi."
Pivô da crise entre Witzel e o PSL de Bolsonaro no Rio, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que preside o partido no Estado, estava na plateia de convidados. O governador e Bolsonaro estavam lado a lado na cerimônia. Mas, quando vagou uma cadeira durante o discurso de Azevedo e Silva, o presidente pulou para ela. Ao falar no púlpito, Witzel saudou Flávio e lembrou que eles "caminharam juntos" durante a eleição do ano passado.
O presidente também destacou, ao lembrar um dos lemas da campanha de 2018, que "seu partido é o Brasil". Ele vive uma crise com o PSL, ao qual se filiou antes do pleito do ano passado.
Na cerimônia de integração do submarino Humaitá, Bolsonaro não fez referências à França. O submarino é o segundo construído após parceria firmada entre os dois países em 2008, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele destacou a importância do projeto para proteger a "soberania nacional" e disse que o Brasil vai vencer o que considera inimigos externos.
As relações conturbadas dos governadores com o presidente preocupam parlamentares no Congresso. Fontes próximas dos governos de Bolsonaro e de Doria dizem tentar "baixar a fervura". A leitura é de que as eleições de 2022 ainda estão distantes e que o desgaste institucional será grande se os governantes trocarem farpas até lá.
O estranhamento, porém, não é negado. "Bolsonaro jamais ignoraria o governador, que é o chefe da PM. Mas é errado achar que existe aproximação entre eles", afirmou o deputado Capitão Derrite (PP-SP), vice-líder do governo na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.