Morador do RS: Não temos apoio de ninguém, nem polícia e nem governo
Nem da polícia, nem do governo. O apoio para lidar com a tragédia provocada pelas inundações do Rio Grande do Sul vem dos próprios moradores, com recursos próprios, que precisam lidar não só com falta de água e energia, mas também com a de segurança —arrastões, saques e furtos—, conta um dos desalojados de Porto Alegre, Felipe Ferreira Reis, em uma entrevista ao UOL News da manhã desta terça-feira (7).
Não tem ninguém, nenhum governo, nem polícia nas ruas. É um ajudando o outro. Aqui, é um ajudando o outro. A gente não tem o apoio de ninguém, nem de polícia, nem de governo, se não é a própria população ajudar os outros, estaríamos jogados à própria sorte.
Felipe Ferreira Reis, morador de Porto Alegre
Aqui no bairro que estamos, no Alvorada, tem um morador que tem um poço e ele cedeu uma mangueira para a população poder pegar água. Só que assim, o ser humano é difícil. Esse morador deixou a mangueira a madrugada inteira para quem quisesse pegar água, e foram lá, cortaram a mangueira, roubaram o registro e a mangueira. Eu sei que está o caos, mas vamos se ajudar. Estão saqueando mercado, saqueando casa.
O que a gente conseguiu [de doação] foi de pessoas que já tinham em casa, pessoas que foram no mercado e trouxeram.
No primeiro momento, quando [minha casa] encheu de água, o cara da Defesa Civil disse: 'É agora ou é agora'. Saímos sem documento, sem roupa, sem nada. Tudo que temos agora é roupa doada, alimento doado e água do vizinho que cedeu.
O governador está lá trocando foto de perfil do Instagram. Quem se importa com foto do perfil do Instagram em um momento desse? É para ficar bonito? Não interessa a foto no Instagram, vai botar o pé na água.
O que a gente faz em uma situação dessa? Sem ajuda, sem poder voltar para casa, sem saber quando vai poder voltar para casa e com perigo de ser saqueado.
Chuvas deixaram 90 mortos no RS
A Defesa Civil informou que subiu para 90 o número de mortos. A atualização é da manhã desta terça-feira (7).
Mais de 850 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas no estado. São 132 desaparecidos e 361 feridos, segundo o boletim da Defesa Civil Estadual. Ao menos ficaram 155.741 desalojadas.
Dos 497 municípios gaúchos, 388 sofreram alguma consequência dos temporais. Na região metropolitana de Porto Alegre, a água deixou pessoas ilhadas e fechou hospitais em Canoas. O clima é de "zona de guerra".
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