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'Não sei qual decisão presidente vai tomar', diz líder do governo na Câmara sobre Bolsonaro e PSL

Líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL - GO) - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL - GO) Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Julia Lindner

Em Brasília

14/10/2019 13h07

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-SP), avalia que a entrega de documentos com a prestação de contas do partido nos próximos dias será decisiva para saber o futuro do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados na sigla. Vitor Hugo admite o racha na legenda e reforça que o PSL "teria muito provavelmente acabado" sem Bolsonaro. Em meio às tensões entre os correligionários, o parlamentar esteve reunido com o presidente no Palácio do Planalto na manhã de hoje.

Ao conversar com jornalistas, Vitor Hugo falou que há uma parte do PSL, da qual faz parte, que quer manter o vínculo com o presidente da República. Segundo ele, integrantes da outra ala do partido ainda podem "aderir" ao movimento que pede acesso aos documentos. Novas conversas devem acontecer ao longo de toda a semana.

"O mais importante para quem está desse lado é a manutenção do vínculo e da lealdade com o presidente. O PSL é um partido que teria muito provavelmente acabado se não tivesse dado a legenda para o presidente, por causa da cláusula de legenda que foi imposta pela lei. O presidente teve 57 milhões de votos. Havia outros partidos à época que haviam sinalizado para que o presidente pudesse ir para eles. Assim como hoje, alguns partidos já começaram também a sinalizar para uma possível ida do presidente para esses partidos", disse o líder do governo após reunião com Bolsonaro.

Vitor Hugo ponderou que não sabe qual será a decisão do presidente e que a "equação ainda está muito complexa" para saber como os parlamentares irão agir. Ele destacou que abrir mão do fundo partidário é uma hipótese que está na mesa, mas que só poderá haver uma avaliação mais completa após a resposta sobre a liberação ou não da prestação de conta.

"É uma solução (abrir mão do fundo). Mas não consigo avaliar o impacto ainda. Tem que ser algo discutido na coletividade de quem está apoiando a iniciativa, e vai ter que ser refletido com relação aos riscos para a próxima eleição", declarou.

O líder do governo minimizou a crise e disse que a tensão no PSL é "natural". "É uma tensão natural de um partido que aumentou o seu número (de membros) vertiginosamente, também fruto das pressões naturais que um partido que é governo sofre no início de toda legislatura. No PSL, a nossa torcida é para que a gente consiga o mais rápido possível superar essas tensões para que, com transparência, o partido continue sendo mais do que a pedra angular do governo, que seja governo. É uma frase que o general Ramos [Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo] tem dito várias vezes, a ideia de que o PSL não é só a pedra angular do governo, da base do governo. Por ser o partido do presidente, é o próprio governo. Quanto mais unidos e mais transparentes formos, maior legitimidade vamos ter para atrair os partidos em torno de nós", afirmou.

Questionado se, após as tensões entre Bolsonaro e o presidente do partido, Luciano Bivar, ainda é possível buscar essa união, ele respondeu que sim. "Na política, tenho aprendido, tudo é uma construção. A gente não sabe quais serão os próximos passos. Esperamos que o partido efetivamente entregue os pedidos que foram feitos a partir da petição que foi assinada, do requerimento que foi apresentado, para que próximos passos possam ser planejados", disse.

"Vamos ter que fazer nosso cálculo político para saber a melhor maneira de sair sem colocar os mandatos individuais em risco", afirmou, sobre a permanência ou não dos parlamentares na sigla neste momento.

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