'Inventaram a crise', diz Bolsonaro sobre PSL
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que houve um "bate-boca exacerbado" entre integrantes do seu partido, o PSL, mas que deixará a ferida cicatrizar naturalmente. Discussões entre os parlamentares nos últimos dias envolveram até mesmo os filhos do presidente, o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Apesar dos conflitos, Bolsonaro insiste que a crise política é uma "invenção" e que os conflitos no partido não terão impacto na tramitação da reforma da Previdência nesta semana. Para ele, o texto será aprovado pelo Senado nas próximas 24 horas. "Que crise política? Inventaram a crise política. Não há crise nenhuma. Zero."
Ao circular a pé por ruas da capital japonesa, acompanhado da comitiva presidencial, Bolsonaro visitou pontos turísticos, tirou fotos com apoiadores e conversou com jornalistas. Em entrevista à imprensa, ele creditou os problemas no PSL ao fato de que a maior parte dos integrantes da sigla ser composta por parlamentares de primeiro mandato.
"A maioria do PSL é nova na política, novato que chega achando que já sabe de tudo. Passei 28 anos ali (no Congresso) sem um cargo (no governo)", afirmou o presidente enquanto passeava pela rua Takeshita Dori, destinada apenas a pedestres e cercada por lojas. "Problemas eu tive lá dentro (do Parlamento), mas sem chegar ao nível que um parlamentar chegou agora, com linguajar que nunca vi em lugar nenhum do mundo."
Questionado se ficou magoado, Bolsonaro afirmou que as discussões fazem parte da política. Sobre possíveis sequelas dos embates públicos, respondeu que deixará cicatrizar naturalmente. "As coisas acontecem. É igual uma ferida, cicatriza naturalmente", disse. "Entre mortos e feridos, todo mundo vivo."
Durante um ritual usado para purificação em um templo xintoísta, no bairro Shinbuya, em Tóquio, o presidente disse que "está precisando" deste tipo de limpeza. Ele fez o comentário ao ouvir a explicação de que o procedimento de lavar das mãos com água corrente serve para combater o mal e impurezas. "Estou precisando, estou precisando", afirmou.
Mais cedo, ao chegar no Hotel Imperial, onde está hospedado, ele disse que "o bem vencerá o mal", em referência às trocas de lideranças ligadas ao governo e ao partido no Congresso ocorridas na semana passada. Ao chegar a Tóquio, o presidente indicou que o cenário político poderá mudar durante sua ausência de dez dias para um périplo pela Ásia e Oriente Médio.
"A política, como dizia Ulysses Guimarães, é uma nuvem. A resposta é essa", disse Bolsonaro, ao ser questionado se a crise no Brasil o fará mudar os planos em relação ao partido. A frase, no entanto, é atribuída ao político mineiro Magalhães Pinto (1909-1996), que dizia que "política é como nuvem: você olha, ela está de um jeito; olha de novo, ela já mudou".
Ao viajar, o presidente deixou para trás um partido dividido e dificuldades na articulação com o Congresso. "As providências estão sendo tomadas."
O presidente está na capital japonesa para a cerimônia de coroação do imperador Naruhito. Depois, seguirá para China, Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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