Paraisópolis tem baile esvaziado, grafites e homenagens a vítimas
Uma semana após a morte de nove pessoas em Paraisópolis, na zona sul da capital, as mesmas vielas onde vítimas foram pisoteadas e sufocadas receberam grafites e novas homenagens. Um ato ecumênico, com a presença de alguns familiares dos jovens mortos, que tinham entre 14 e 23 anos, foi realizado no fim da tarde de ontem.
Nos muros, grafites traziam mensagens de protesto contra a violência policial e pedidos de paz. "Paraisópolis pede paz, chega de preconceito com o povo pobre!", dizia uma. As mortes ocorreram após uma ação da Polícia Militar, enquanto ocorria um baile funk com cerca de 5 mil pessoas.
"A viela é escura, não tem iluminação pública, e a maioria da comunidade tem medo de passar ali, então os moradores se juntaram com os grafiteiros para mudar a cara dela", conta Igor Amorim, membro da associação de moradores. Os desenhos e frases foram feitos ontem por grafiteiros voluntários de Paraisópolis e de outras regiões da cidade.
Por volta das 17 horas, o ato ecumênico encerrou um fim de semana dedicado à memória das vítimas. Os moradores também lembraram da morte de uma pessoa em Heliópolis, também na zona sul, no mesmo fim de semana. Três policiais militares envolvidos foram afastados no sábado, 7.
DZ7
Durante a madrugada, foi reeditado o Baile da DZ7, mesma festa onde houve as mortes. Muitos foram vestidos de branco, em referência aos pedidos de paz na comunidade. A festa também foi marcada por homenagens às vítimas, com orações do pai-nosso entoadas pelos presentes. Moradores disseram que o baile foi esvaziado em relação à semana passada e edições anteriores.
Segundo nota divulgada pela Prefeitura, uma comissão de secretários municipais e estaduais se reunirá hoje com líderes comunitários de Paraisópolis. A intenção é "dialogar com a comunidade para criar e intensificar programas e políticas públicas que atendam às necessidades da população local", diz a Prefeitura. Os moradores devem entregar uma carta de reivindicações ao governo estadual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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