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PF deveria trabalhar junto com Polícia Civil, diz advogado da viúva de Marielle

13.jun.2018 - Mônica Benício participa de protesto que marca 3 meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Rio de Janeiro - Silvia Izquierdo/AP
13.jun.2018 - Mônica Benício participa de protesto que marca 3 meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Rio de Janeiro Imagem: Silvia Izquierdo/AP

Denise Luna

Rio

23/12/2019 19h31

O advogado da viúva da vereadora Marielle Franco, João Tancredo, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que Mônica Benício é contra a federalização das investigações da morte da esposa por temer atraso no processo, que poderia voltar à estaca zero.

Segundo ele, a Polícia Civil do Rio está fazendo um bom trabalho e a Polícia Federal deveria trabalhar junto, para um resultado mais eficaz.

"Seria um grande atraso [a federalização], a PF não tem expertise para essa investigação. É lamentável o ministro [Sergio Moro] ter tomado essa decisão apenas seis meses após nossos requerimentos", avaliou Tancredo.

Ele explicou que só há dois motivos para se pedir a federalização do caso. Um seria o envolvimento da família Bolsonaro no crime, e outro seria a repercussão do assassinato na sociedade, sendo que esta última situação não ocorre desde a execução da religiosa Dorothy Stang, assassinada em 2005 na Amazônia.

"O pedido de federalização só pode ser justificado se tiver alguma suspeita de envolvimento da família Bolsonaro, por causa de todas as ligações que têm até agora. A outra hipótese é se a investigação é de interesse público", explicou.

Para ele, a tendência é de que a investigação seja federalizada, mas a decisão final só deve ocorrer em fevereiro, devido ao recesso do Superior Tribunal de Justiça. Hoje, o STJ anunciou que tanto a família de Marielle como a AGU e o MPRJ têm 10 dias para opinar sobre a federalização da investigação.

O prazo começa a contar a partir de 10 de janeiro, segundo Tancredo, quando a Justiça volta a funcionar. "E como o STJ só volta em fevereiro, vai atrasando a decisão", observou.

O advogado disse também que, no início das investigações, o desejo era de federalizar a questão, pela ineficácia da Polícia Civil, mas agora que o processo está andando, a mudança poderia adiar ainda mais a solução do caso. Ele elogiou, porém, a decisão da ministra Laurita Vaz, do STJ, de ouvir os envolvidos.

"Isso vai atrasar a decisão mas, por outro lado, é louvável querer ouvir as pessoas envolvidas, já que se trata de um crime de interesse da sociedade", observou.