Ouvidoria pede apuração sobre atuação da PM no protesto do MPL em São Paulo
A solicitação da ouvidoria foi realizada no âmbito de um procedimento que já havia sido instaurado para acompanhar relatos de excesso na atuação da polícia em protestos. De acordo com o ouvidor Benedito Mariano, a entrada da Corregedoria no caso representaria um incremento na investigação, já que o órgão possui "expertise" nesse tipo de apuração.
"Está havendo uma crescente quantidade de denúncias de excesso. Por isso, solicitei a atuação do órgão corregedor", disse. Ele destacou a importância do diálogo entre a Polícia Militar e os integrantes do MPL para evitar problemas. "A mediação é o caminho para atos pacíficos, sem depredação. Antes de o ato ser iniciado, tem de ser pactuada a segurança para que não haja também excesso por parte da polícia", disse Mariano. Os protestos têm contado com a figura do mediador, um oficial da PM que se apresenta para tentar intermediar questões como o trajeto do protesto.
Apesar disso, na quinta-feira da semana passada, a PM impediu que o ato do MPL deixasse o local de concentração, em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo. A passeata programada até a Avenida Paulista foi barrada diante da situação do trânsito e de alagamentos na cidade, segundo relatou o mediador ao MPL naquele dia. Os integrantes, então, mantiveram a passeata, que acabou barrada com reforço policial na altura da Praça da República.
Na praça, a PM prendeu três pessoas usando golpes mata leão e puxando umas das manifestantes pelo cabelo, como mostram imagens do dia. Ao todo, foram detidas dez pessoas sob a suspeita de desacato e lesão corporal. Os agentes usaram bombas e balas de borracha para dispersar o movimento na Avenida Ipiranga, o que causou correria por vias adjacentes. Uma agência bancária foi depredada.
Questionada sobre o pedido da ouvidoria, a Secretaria da Segurança disse que a Corregedoria da PM acompanha as apurações, mas não forneceu detalhes. Sobre o protesto da semana passada, a pasta reforçou que a corporação atuou "para garantir o direito à livre expressão e a segurança de todos". "O comando da área está analisando os vídeos e medidas cabíveis serão tomadas."
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de São Paulo (Condepe), a Artigo 19, Conectas Direitos Humanos e o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) disseram condenar "veementemente a violência policial empregada contra manifestantes e comunicadores que estão acompanhando os atos contra o aumento da passagem convocados pelo MPL".
"As imagens mostram uma situação inaceitável, que demanda respostas urgentes: a apuração das violações cometidas, com a devida responsabilização do Estado de São Paulo, e a adoção de protocolos transparentes que limitem a violência e arbitrariedade policial", disseram as organizações em nota pública.
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