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FHC: Declaração de Bolsonaro sobre morte de miliciano é 'grosseria inaceitável'

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República - Arte/UOL
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República Imagem: Arte/UOL

Pedro Venceslau

São Paulo

19/02/2020 16h03

Em uma palestra realizada na noite de ontem para prefeitos do interior paulista recém-filiados ao PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou as insinuações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a Polícia Militar da Bahia teria matado de propósito o miliciano Adriano Nóbrega.

Na sexta-feira (14), Bolsonaro apontou o governador da Bahia, o petista Rui Costa, como responsável pela operação policial que resultou na morte de Adriano, classificada por ele como uma "provável execução sumária" para queima de arquivo. Segundo Bolsonaro, a "polícia do PT" não procurou "preservar a vida de um foragido".

Em um movimento que uniu chefes de executivo do PT ao DEM, 20 de 27 governadores elaboraram uma carta "em defesa do pacto federativo" e em solidariedade ao governador baiano.

"Foi uma grosseria inaceitável. Se você precisa tratar bem os deputados, o que dizer dos governadores? Eles representam os estados. Não me lembro de já ter visto uma carta assinada pela maioria dos governadores contra o presidente da República. Uma coisa rara, que mostra como é rara a gravidade do ato", disse FHC.

Em um discurso que durou mais de uma hora para os novos tucanos, FHC também disse que Bolsonaro "governa por antagonismo" e que essa não é a melhor maneira.

O governador João Doria (PSDB) chegou ao evento durante a palestra de FHC e fez uma fala breve que também mirou Bolsonaro. "Vocês estão assistindo à palestra de um democrata que nunca desrespeitou um jornalista, que nunca mudou o tom para atacar a imprensa", disse Doria.

O governador se referia às ofensas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo. Ele questionou, com insinuação de caráter sexual, a atuação dela em reportagens sobre o disparo massivo de mensagens pelo WhatsApp durante sua campanha eleitoral.

Organizado pelo presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, que também é secretário estadual de Desenvolvimento Regional, o evento de ontem marcou a filiação de oito prefeitos do interior ao partido.