Topo

Esse conteúdo é antigo

Plano funerário emergencial de SP com crise do coronavírus prevê abrir 13 mil covas

Nelson Almeida/AFP
Imagem: Nelson Almeida/AFP

24/04/2020 07h35

A Prefeitura de São Paulo divulgou um plano de emergência para o serviço funerário que busca evitar o colapso no sepultamento de corpos diante do avanço de mortes pelo novo coronavírus. Entre as medidas anunciadas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) há a abertura de 13 mil covas. Os casos de covid-19, a partir de sábado, deixam ainda de ter velório comum.

Ainda de acordo com Covas, há a previsão de contratação de 220 coveiros e a aquisição de 32 carros para a frota do Serviço Funerário. Também serão compradas 38 mil novas urnas funerárias, 15 mil sacos reforçados para transporte dos corpos e 3 mil equipamentos de proteção para os funcionários dos cemitérios.

O prefeito afirmou também que 13 mil valas poderão ser abertas. O cenário em que os técnicos da Prefeitura trabalham é que o número de sepultamentos diários na cidade, que nesta época do ano é de cerca de 240 por dia, passe já nos próximos dias para 400 cerimônias.

Nesse cenário, a Prefeitura passará a veicular uma nova campanha publicitária em que será citado o que ocorreu há alguns dias em Guayaquil, no Equador, em que corpos foram deixados na rua por falta de capacidade do serviço funerário de fazer muitos sepultamentos ao mesmo tempo. A mensagem dirá que a prevenção a esse quadro passa pelo respeito ao isolamento social. "Temos de nos preparar para os piores cenários. Se necessário, esperamos ter capacidade para trabalhar 24 horas. Mas insistimos que a população deve ficar em casa", disse Covas.

A taxa no Estado de São Paulo, nesta quarta-feira, ficou em 48% e acendeu um "sinal amarelo" no governo estadual. O prefeito também afirmou que o telefone 156 estará disponível para atendimento funerário. Ele também anunciou um crédito suplementar de R$ 40 milhões para o Serviço, o que pode ampliar a capacidade de 240 para 400 sepultamentos diários.

O plano prevê níveis de medidas a serem adotadas de acordo com os cenários da evolução da covid-19 na capital. Há ações de contingência até para o caso de haver colapso em outros municípios da região metropolitana. O temor é a ocorrência na cidade de cenas como as vistas no Amazonas, onde corpos chegaram a ficar nos leitos hospitalares, ao lado de pacientes, com as equipes de sepultamento sobrecarregadas. Durante a crise, o monopólio municipal será quebrado, de forma que empresas terceirizadas poderão realizar o serviço diretamente com os familiares das vítimas, sem necessariamente ter de passar pelo serviço público.

Sem velório

A Prefeitura informou ainda que estarão suspensas, a partir de sábado, todas as cerimônias de velórios para as vítimas da covid-19. As homenagens poderão ser feitas em estruturas próprias dos cemitérios, próximas das sepulturas.

Ao todo, a cidade está abrindo 13 mil covas nos três principais cemitérios da cidade (Vila Formosa, na zona leste, Vila Nova Cachoeirinha, na norte, e São Luís, na sul). O jornal O Estado de S. Paulo apurou que no Cemitério da Lapa covas já foram liberadas e famílias foram notificadas para buscar os restos mortais de parentes. No Cemitério do Lajeado, na zona leste, há tratativas de liberação do terreno para abertura de mais covas.

Em situações normais, a cidade recebe uma média de 100 corpos por dia de outros municípios e exporta 20. Antes da crise, a cidade fazia 240 sepultamentos ou cremações diariamente, com uma estrutura para atender até 350, que é a média dos meses de inverno. Já no início da crise, no fim de março, as funerárias relatavam aumento dos sepultamentos. Desde o começo da crise, 919 pessoas já morreram na cidade por coronavírus. Além disso, a Prefeitura aguarda a confirmação de exames em mais 1.442 corpos.

Coveiros

"Os nossos trabalhadores já estão em uma exaustão tremenda. Quem vai treinar esses 200 trabalhadores?", indaga João Batista Gomes, secretário do Sindsep. Ele também questiona a ideia de abrir os cemitérios à noite, pela falta de segurança. (Colaborou Renato Vieira). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Bruno Ribeiro