Após 'exterminar' o coronavírus, Nova Zelândia abranda confinamento
São Paulo - Salário da primeira-ministra, dos ministros e dos principais funcionários públicos cortados em 20% por seis meses. Comércio, escolas, serviços e fronteiras fechados. Viagens limitadas, circulação de pessoas restrita somente ao essencial e multas para quem descumprir. E medidas econômicas para apoiar quem mais precisa. Essa foi a receita que permitiu com que a Nova Zelândia praticamente eliminasse o coronavírus de suas terras e seja capaz reabrir lentamente as atividades econômicas nesta terça-feira, 27.
Nesta semana, restaurantes, canteiros de obras, escolas e varejistas começam a abrir cinco semanas depois de uma dura restrição de circulação de pessoas. O país desenvolveu um sistema de alertas que varia de 1 a 4 conforme a gravidade da pandemia. Agora, passa a valer o nível de 3. Há menos de 300 casos no país e foi identificado apenas um novo nesta Segunda-feira (26).
O mantra da estratégia do governo era, desde o início, agir rápido para eliminar o vírus - identificar, testar e tratar. Ainda era fevereiro quando o país adotou as primeiras restrições. E, com menos de 300 casos, decretou um bloqueio total - muito mais cedo que a maioria dos países. Decisão difícil, já que a nação de 4,8 milhões de habitantes recebe 3,8 milhões de visitantes por ano e tem no turismo e no comércio rendas importantes.
"A decisão de fechar nossas fronteiras não foi fácil e trouxe impactos econômicos significativos", reconheceu o embaixador da Nova Zelândia no Brasil, Chris Langley. "Mas o governo deu prioridade aos aspectos de saúde pública, acreditando que a recuperação econômica virá mais rapidamente com uma população saudável quando tivermos o vírus sob controle".
"Fiquei satisfeita quando foi anunciado que estávamos entrando em lockdown", relembra a advogada Harriet Willis, moradora de Wellington. "Naquela época, havia dados mostrando que a Nova Zelândia estava na mesma curva que a Itália, embora nosso número de casos fosse baixo".
A maior parte dos contaminados estava fora do país em viagem. Todas as pessoas que entram no país precisam aderir a uma quarentena imposta pelo governo, não apenas um isolamento autoimposto.
Vantagens naturais e políticas
Mas outras características neozelandesas explicam o controle da disseminação do vírus. Uma é a vantagem natural, já que é uma nação insular e o controle de quem entra e sai do país é mais fácil. A outra é política: não há Estados separados no país e nem províncias. "Não há dinâmica federal versus estadual em jogo", explica o embaixador. A comunicação clara e direta com a população, especialmente pela primeira-ministra Jacinda Ardern, também é citada como explicação do sucesso do país no combate ao vírus.
"Muito pouco é feito a portas fechadas. As pessoas são convidadas para reuniões virtuais entre os principais epidemiologistas da Nova Zelândia e o governo", explica Annemarie Jutel, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de Victoria em Wellington. "O modelo de comunicação oferecido, inequívoco e transparente, reconhece nossos sacrifícios e nos lembra de sermos gentis e de cuidar dos mais vulneráveis. Ninguém se desviou disso no espaço público", afirmou.
Nesta semana, restaurantes, canteiros de obras, escolas e varejistas começam a abrir cinco semanas depois de uma dura restrição de circulação de pessoas. O país desenvolveu um sistema de alertas que varia de 1 a 4 conforme a gravidade da pandemia. Agora, passa a valer o nível de 3. Há menos de 300 casos no país e foi identificado apenas um novo nesta Segunda-feira (26).
O mantra da estratégia do governo era, desde o início, agir rápido para eliminar o vírus - identificar, testar e tratar. Ainda era fevereiro quando o país adotou as primeiras restrições. E, com menos de 300 casos, decretou um bloqueio total - muito mais cedo que a maioria dos países. Decisão difícil, já que a nação de 4,8 milhões de habitantes recebe 3,8 milhões de visitantes por ano e tem no turismo e no comércio rendas importantes.
"A decisão de fechar nossas fronteiras não foi fácil e trouxe impactos econômicos significativos", reconheceu o embaixador da Nova Zelândia no Brasil, Chris Langley. "Mas o governo deu prioridade aos aspectos de saúde pública, acreditando que a recuperação econômica virá mais rapidamente com uma população saudável quando tivermos o vírus sob controle".
"Fiquei satisfeita quando foi anunciado que estávamos entrando em lockdown", relembra a advogada Harriet Willis, moradora de Wellington. "Naquela época, havia dados mostrando que a Nova Zelândia estava na mesma curva que a Itália, embora nosso número de casos fosse baixo".
A maior parte dos contaminados estava fora do país em viagem. Todas as pessoas que entram no país precisam aderir a uma quarentena imposta pelo governo, não apenas um isolamento autoimposto.
Vantagens naturais e políticas
Mas outras características neozelandesas explicam o controle da disseminação do vírus. Uma é a vantagem natural, já que é uma nação insular e o controle de quem entra e sai do país é mais fácil. A outra é política: não há Estados separados no país e nem províncias. "Não há dinâmica federal versus estadual em jogo", explica o embaixador. A comunicação clara e direta com a população, especialmente pela primeira-ministra Jacinda Ardern, também é citada como explicação do sucesso do país no combate ao vírus.
"Muito pouco é feito a portas fechadas. As pessoas são convidadas para reuniões virtuais entre os principais epidemiologistas da Nova Zelândia e o governo", explica Annemarie Jutel, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de Victoria em Wellington. "O modelo de comunicação oferecido, inequívoco e transparente, reconhece nossos sacrifícios e nos lembra de sermos gentis e de cuidar dos mais vulneráveis. Ninguém se desviou disso no espaço público", afirmou.
Paulo Beraldo
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