Generais citam incômodo e dizem que Bolsonaro tentou usar prestígio dos militares
Oficiais-generais influentes avaliaram que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou, ontem, fazer uso político das Forças Armadas. Ao afirmar que a caserna estava com o governo, ele partiu para "pressões" e "ameaças dissuasórias" que provocaram novo incômodo no setor.
Em conversas com o jornal O Estado de S. Paulo, interlocutores do presidente deixaram claro que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha estão "sempre" na defesa da independência dos poderes e da Constituição. "Ninguém apoia aventura nenhuma, pode desmontar essa tese. Estamos no século 21", resumiu uma das fontes, que ainda destacou a "retórica explosiva" do presidente que permite interpretações.
Na declaração a apoiadores que provocou reações, Bolsonaro disse que "chegamos ao "limite".
Os militares ressaltaram que a frase voltou a colocá-los em uma "saia justa" e reafirmaram que não vão se meter em questões políticas. "É uma declaração infeliz de quem não conhece as Forças Armadas", reagiu de forma mais dura um deles. "O problema é que deixa ilações no ar. Afinal, não há caminho fora da Constituição."
As novas investidas do presidente contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa ocorreram, segundo essas fontes, um dia depois de um encontro dele com ministros e comandante militares.
Nessa reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, no sábado, Bolsonaro e sua equipe discutiram a situação do País, a saída de Sérgio Moro da pasta de Justiça e Segurança Pública, as consequências de uma crise política arrastada nesta pandemia do novo coronavírus e a decisão do Supremo que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem na Polícia Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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