Para educadores, inquérito sorológico de SP amplia dúvidas sobre retomada
Embora tenha sido recebido com cautela pelos cientistas, o inquérito sorológico realizado em São Paulo chamou a atenção dos especialistas que preparam o retorno às aulas por aqui. As aulas presenciais nas escolas particulares do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, poderiam ser retomadas a partir de 14 de setembro, e na rede pública, incluindo as universidades, a partir de 5 de outubro.
Em São Paulo, a gestão Bruno Covas (PSDB) vetou a reabertura de escolas das redes pública e privada para atividades de reforço em setembro, depois que um inquérito sorológico atestou que 64% dos casos foram assintomáticos. A retomada em outubro ainda é avaliada e as escolas foram à Justiça para adiantar o retorno.
"Estamos nos organizando para o retorno na data definida pelo governo, mas ainda em dúvidas, que só crescem com pesquisas como essa. Mas nossos protocolos estão de acordo com todas as recomendações oficiais", afirma Wagner Cafagni Borja, diretor-geral da escola Nossa Senhora das Graças, localizada no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo.
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa escolas particulares, afirma que o estudo não vai motivar um recuo da entidade, que entrou com um pedido de liminar contra a decisão da Prefeitura de São Paulo de não permitir a volta às aulas na capital em setembro. "Eu vi a pesquisa, como também já vi outras que divergem. A situação é controversa", afirma Benjamin Ribeiro Silva, presidente do Sieesp.
O hematologista e patologista clínico Rafael Jácomo, diretor Técnico do Laboratório Sabin de Análises Clínicas, que presta consultoria para diversos colégios na retomada das aulas presenciais, afirma que a transmissibilidade da covid-19 por crianças e jovens sempre foi tema de atenção. "Qualquer serviço de consultoria que vise a avaliar riscos e dar orientações ao retorno às aulas presenciais tem de ponderar que, independentemente da discussão sobre a gravidade do quadro nas crianças, o convívio escolar é um fator de aumento de transmissibilidade, mesmo que transitório", avalia.
Paralelamente aos últimos estudos científicos, três fatores preocupam a educadora Silvia Colello. "Não temos certeza de que as escolas vão cumprir os protocolos mínimos. É difícil evitar o contato entre as crianças. Como elas podem ser assintomáticas, existe risco maior. É uma desestabilização do afastamento social que estamos enfrentando há tanto tempo", diz a professora da pós-graduação da faculdade de Educação da USP.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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