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PSOL quer CPI e investigação da PGR sobre 'rachadinha' de Jair e Carlos Bolsonaro

Carlos e Jair Bolsonaro - Arquivo Pessoal/Reprodução/Instagram
Carlos e Jair Bolsonaro Imagem: Arquivo Pessoal/Reprodução/Instagram

Do Estadão Conteúdo, em São Paulo

15/03/2021 19h21

O PSOL anunciou que vai iniciar a coleta de assinaturas para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara e pedir à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério Público do Rio que Janeiro que investiguem supostos indícios de envolvimento dos gabinetes do então deputado federal Jair Bolsonaro —atualmente presidente da República— e do vereador Carlos Bolsonaro em esquema de apropriação de salários de assessores, conhecido por "rachadinha" .

A suspeita é semelhante à que levou a uma denúncia criminal contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho primogênito do presidente, por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A denúncia surgiu do cruzamento de informações da quebra de sigilos obtida na Justiça pelo MP-RJ na apuração contra Flávio, que teria cometido os crimes quando era deputado estadual no Rio.

O presidente foi deputado federal de 1991 a 2018. Seu filho Carlos assumiu uma cadeira na Câmara Municipal do Rio pela primeira vez em 2001. Os pedidos do PSOL serão formulados pela líder da bancada na Câmara, Talíria Petrone, que trata da CPI, e pelo deputado Marcelo Freixo, que fará a denúncia à PGR e ao MP. Ambos os parlamentares são do Rio de Janeiro, assim como o clã Bolsonaro.

Desde que Flávio teve os sigilos bancário e fiscal quebrados junto com seus ex-assessores, em abril de 2019, sabia-se que a investigação poderia "respingar" em outros integrantes da família Bolsonaro. À época, integrantes do MP já avaliavam que, por haver funcionários em comum nos gabinetes do clã, a investigação poderia mostrar movimentações suspeitas relacionadas a Jair Bolsonaro e outros filhos eleitos para cargos públicos.

Nesta segunda, 15, o portal UOL publicou uma série de reportagens com base nos dados brutos daquela quebra. Atualmente suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a medida mostra, por exemplo, que quatro ex-assessores de Jair Bolsonaro quando ele era deputado federal sacaram 72% de seus vencimentos. A prática é considerada indício de desvio dos salários, para repasse ao deputado.

Esses quatro investigados - Fernando Nascimento, Nelson Rabello, Daniel Medeiros e Jaci dos Santos - sacaram R$ 551 mil dos R$ 764 mil que receberam do gabinete de Bolsonaro no período abarcado pela quebra de sigilo, entre 2007 e 2018.

Outra revelação do UOL mostra que quatro ex-assessores do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), segundo filho do presidente, também rotineiramente sacavam dinheiro em espécie logo após receberem seus salários. Além de Nelson Rabello, também citado no caso do pai, os funcionários são Andrea Siqueira Valle, irmã da segunda ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, e dois membros da família Gerbatim, ligada a Fabrício Queiroz.

Com saques que somam R$ 570 mil, esses assessores pegaram em espécie 87% do que receberam da Câmara Municipal.

As outras histórias contadas na série do UOL incluem a própria Andrea, que teria a conta bancária "operada" pela ex-mulher de Bolsonaro, e uma ex-chefe de gabinete de Flávio, Mariana Mota. A assessora também atuaria como operadora do suposto esquema de desvios. Ela pagou, por exemplo, contas de aluguel de Léo Índio, primo de Flávio que já trabalhou no gabinete dele.