Sem assumir candidatura, Alckmin cumpre agenda de pré-candidato em São Paulo
Sem confirmar sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, isolado no PSDB, já cumpre agenda de pré-candidato e faz promessas de campanha. Ao participar de um evento nesta terça, 19, do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (Sindhosp), ele criticou projetos que aumentem a carga tributária, em uma crítica indireta à gestão do governador João Doria (PSDB), seu desafeto político.
"Uma coisa que não vou fazer é aumentar impostos", afirmou Alckmin, durante uma conversa com CEOs e presidentes de associações médicas. "Em plena pandemia, aumentar todos os impostos da Saúde não é algo razoável". No início do ano, Doria suspendeu mudanças no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) para alimentos e remédios após pressão do setor do agronegócio.
Alckmin, entretanto, evitou falar sobre sua saída do PSDB e também não revelou por qual legenda pretende lançar sua eventual candidatura no ano que vem. Questionado sobre o assunto, se esquivou: "Primeiro, tenho que ver se realmente serei candidato, para depois falar de partido".
O evento do qual Alckmin participou é o primeiro de uma série que receberá outros políticos apontados como principais nomes da corrida eleitoral pelo Estado em 2022. Nas próximas semanas, o Sindhosp receberá o petista Fernando Haddad e o atual vice de Doria, Rodrigo Garcia, para o mesmo debate. Segundo a associação, a proposta é apresentar aos políticos o documento Saúde São Paulo, que reúne dados sobre hospitais públicos e privados, o que pode auxiliar a próxima gestão.
No encontro de ontem, o ex-governador afirmou que seu foco, no momento, é percorrer o Estado para "sentir" a população e conversar com a sociedade civil. "Quem ouve mais, erra menos", disse.
Presente na plateia estava o médico e ex-deputado federal Eleuses Paiva, do PSD, partido que pode receber o ex-governador.
Filiação
Alckmin articula filiação ao PSD para abrigar sua campanha, mas não descarta aderir ao projeto do União Brasil, partido fruto da fusão recente entre PSL e DEM. Como o Estadão publicou em julho, Alckmin já revelou a amigos e aliados que pretende deixar o PSDB, e articula uma palanque em São Paulo com ex-governador Márcio França (PSB), e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que é filiado ao MDB.
O ex-governador aparece à frente nas pesquisas para o governo de São Paulo. Na mais recente pesquisa Datafolha, ele lidera a disputa com 26% das intenções de voto, ante 17% de Haddad, e 15% de França. Alckmin comandou o Executivo paulista por quatro mandatos: pela primeira vez em 2001, quando o então governador Mário Covas, de quem era vice, morreu, e depois, quando venceu as eleições em 2002, 2010 e 2014. Em 2018, recebeu apenas 5% dos votos na eleição para presidente e, desde então, não ocupou mais cargos públicos.
O ex-governador Geraldo Alckmin, como revelou o Estadão em setembro, mantém uma rotina de conversas com líderes e políticos do PSDB do interior que seguem "oficialmente" na base do governador João Doria. A ideia de Alckmin é trazer para sua campanha os 'tucanos raiz'.
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