Ex-ministros de Bolsonaro criticam aliança com o Centrão
Ernesto Araújo, que deixou o cargo de ministro em março de 2021, afirmou que perdeu poder no governo quando o presidente começou a se aproximar do Centrão. Segundo ele, o bloco teria passado a pautar a gestão federal conforme os interesses da China, impedindo que ele levasse adiante o que ele classificou como projeto "transformador" de política externa. "Quando o Centrão começou a dominar o governo, fui cada vez mais isolado", disse.
Em sua gestão, Araújo foi criticado por ofender e criar atritos com o país asiático, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
O ex-chefe do Itamaraty dissertou sobre a cultura da China, que, segundo ele, o Centrão tenta perpetuar no Brasil. Para ele, o país asiático representa o oposto dos valores defendidos por Bolsonaro, como a religião. Araújo disse que costuma chamar o Progressistas, que atende pela sigla PP, de "Partido de Pequim". Os ministros Fábio Farias, das Comunicações, Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, e Ciro Nogueira, da Casa Civil, estariam tentando transformar o País em uma "colônia chinesa", segundo ele.
"O Centrão acha que política externa é fazer tudo o que a China quer", completou.
Abraham Weintraub, por sua vez, afirmou que o bloco político encabeçado pelo Progressistas representa um "obstáculo" à pauta ideológica do bolsonarismo. Os conservadores, segundo ele, passaram a sofrer ataques constantes desde que foram substituídos "pela turma do Centrão".
O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, saiu em defesa do presidente e argumentou que Bolsonaro não teria governabilidade se não cedesse ao bloco. Principal entrevistado da live, Malafaia citou trechos bíblicos para justificar a ação do presidente, que, segundo ele, sofreria um impeachment se não fizesse alianças com sabedoria.
Como mostrou o Estadão, o apoio do Centrão não é garantido a Bolsonaro nas eleições deste ano. O bloco político deve se opor a candidatos bolsonaristas em ao menos cinco Estados. Em São Paulo, Pernambuco, Piauí, Ceará e Maranhão, líderes e parlamentares de partidos como PL, Progressistas e Republicanos - tripé de sustentação do governo federal - resistem a romper com adversários do Palácio do Planalto e traçam saídas para manter espaços em círculos petistas ou do PSDB.
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