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Não há conversa de partidos, há convite do União Brasil a Moro, diz Álvaro Dias

Líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que o partido não negocia a migração do ex-juiz federal Sergio Moro para o União Brasil - Pedro Ladeira/Folhapress
Líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que o partido não negocia a migração do ex-juiz federal Sergio Moro para o União Brasil Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Bruno Luiz

Salvador

27/01/2022 11h38Atualizada em 27/01/2022 12h14

O líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou nesta quarta-feira, 26, que o partido não negocia a migração do ex-juiz federal Sergio Moro para o União Brasil, sigla formada pela fusão entre DEM e PSL.

"Não existem conversas entre partidos. O que existe é um convite de um partido", disse o parlamentar ao Broadcast Político, em referência às articulações de setores do União para trazer à legenda o também ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. O objetivo é ter Moro como candidato à Presidência pelo partido e fortalecê-lo como principal nome da chamada terceira via.

A fala de Dias, no entanto, contrasta com a do deputado federal Júnior Bozella, um dos líderes do União Brasil em São Paulo, que afirmou que a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, está ciente da negociação e estaria mostrando "desprendimento" em relação a Moro.

"O PSL sempre esteve trabalhando para estar junto com Moro. Agora com o União Brasil a tendência é a gente vencer essa etapa", disse o deputado ao Broadcast Político, reforçando que, "se não tiver um desprendimento, não consegue vencer a polarização". Segundo ele, o presidente do PSL, Luciano Bivar, e o próprio Moro também "têm mostrado esse desprendimento".

Dias afirmou, no entanto, que a decisão sobre uma migração é exclusiva de Moro. "É uma decisão solitária. O partido não pode influir em uma decisão que deve ser do convidado. Ele é convidado, ele responde ao convite. Não devemos interferir."

O senador ainda declarou que o Podemos é entusiasta de uma coligação com o União Brasil, na qual a sigla indicaria a vice do ex-juiz da Lava Jato. "Hoje, quem tem candidato a presidente é o Podemos, então quem indica o vice é o União Brasil. Se não ocorrer, a mudança de sigla, é assim que funciona."

Informações de bastidores apontam que Renata Abreu poderia ser indicada como vice de Moro, caso ele decida ser candidato pelo União Brasil. Dias não descartou um cenário em que o Podemos tenha a vice na chapa, mas ponderou: "Aí será uma outra discussão. Se ele (Moro) muda para o União Brasil, o União Brasil vai procurar uma aliança com o Podemos se desejar."

Caso Alvarez & Marsal

O líder do Podemos no Senado saiu em defesa do correligionário e negou que Moro tenha decidido divulgar quanto recebeu enquanto trabalhou na consultoria Alvarez & Marsal por pressão política. Ele disse também que o Podemos não teve interferência na questão.

"É uma decisão dele e não diz respeito à pressão. Isso [a divulgação] já estava programado. Ele não divulgou antes porque existe um momento para divulgação por causa da declaração do Imposto de Renda e do registro dele como candidato na Justiça Eleitoral", afirmou, ao relembrar que candidatos a cargos eletivos são obrigados a declarar seus bens para a Justiça Eleitoral.

Dias criticou a tentativa de transformar a passagem de Moro pela consultoria em uma "ilegalidade que não existe." "Ele vai apresentar por respeito ao público. Há uma distorção, tentativa de transformar isso numa ilegalidade que não existe. Isso confunde a opinião pública."