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Com alta nos roubos, governo de SP troca comandos das polícias Civil e Militar

Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo, decidiu trocar os comandos das polícias Militar e Civil - Divulgação/Governo do Estado de SP
Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo, decidiu trocar os comandos das polícias Militar e Civil Imagem: Divulgação/Governo do Estado de SP

São Paulo

26/04/2022 10h36Atualizada em 26/04/2022 10h54

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), decidiu trocar os comandos das polícias Militar e Civil. Vai para a chefia da PM o coronel Ronaldo Miguel Vieira, que liderava o Batalhão de Choque. Já o novo Delegado-Geral é Osvaldo Nico Gonçalves, que era até agora responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope). Rodrigo Garcia é candidato à reeleição e pretende anunciar novas medidas na área de segurança nas próximas semanas. Embora haja queda de homicídios, o Estado sofre com a alta de roubos e furtos.

Ronaldo Miguel Vieira, de 51 anos, ingressou na corporação em 1989 e foi promovido a coronel em 2019. Além do Choque, ele comandou o Policiamento de Área Metropolitano-1, a Casa Militar, a Companhia Territorial e do Policiamento de Área e o Regimento de Polícia Montada 9 de Julho e outros cinco batalhões. Vieira assume a corporação no lugar do coronel Fernando Alencar, que estava no posto desde março de 2020. Maior do País, a PM paulista tem mais de 80 mil agentes.

Já o delegado Nico Gonçalves, de 65 anos, ingressou na Polícia Civil em 1979, como investigador. Ele foi o fundador do primeiro Grupo de Operações Especiais (GOE), chefiou as equipes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do Grupo Armado de Repressão a Roubos (Garra), do Grupo Especial de Resgate - GER, unidade especializada na soltura e livramento de reféns, e foi delegado de polícia na capital, estando à frente de grandes eventos, como a visita do Papa Bento 16, em 2007, e a Copa do Mundo de 2014.

Nico Gonçalves assume o lugar de Ruy Ferraz Fontes, que era o delegado-geral desde o início de 2019, quando começou a gestão João Doria (PSDB). O novo delegado-geral se notabilizou por participar de prisões de grande expressão na última década, como a detenção do ex-médico Roger Abdelmassih, em 2014, e do ex-médico Farah Jorge Farah, que se matou ao receber a polícia em sua porta para cumprimento de um mandado de prisão em 2017.

Sensação de insegurança

Rodrigo Garcia assumiu o cargo no início deste mês, após a saída de Doria para disputar a Presidência da República nas eleições de outubro. Entre os desafios de Garcia para reduzir a sensação de insegurança nas ruas, estão frear os crimes patrimoniais, como roubos e furtos de veículos e celulares.

No último ano, a criação do Pix, ferramenta de pagamento instantâneo do Banco Central, atraiu bandidos pela facilidade de transferências rápidas. Como o Estadão mostrou neste mês, o lucro com o Pix fez com que o Primeiro Comando da Capital (PCC) se unisse a quadrilhas de roubos de celulares em bairros nobres da capital. O sequestro relâmpago também é uma modalidade de crime associada ao Pix.

Outra mudança recente na Polícia Militar paulista foi o uso de câmeras nos uniformes dos agentes, como forma de controlar o uso de força nas ações da tropa. A corporação deve receber até o fim de abril mais 2.556 câmeras operacionais portáteis (COP), com transmissão em tempo real das atividades diárias da tropa. O objetivo do Estado é terminar o ano com mais de 10 mil bodycams instaladas nos uniformes de policiais.

Apesar dos bons resultados do uso desse tipo de tecnologia, os pré-candidatos ao Executivo paulista têm colocado em xeque a validade das câmeras. Garcia chegou a levantar dúvidas sobre o projeto - que ganhou força na gestão Doria, de quem era vice. À revista Veja São Paulo, o novo governador disse que as câmeras precisariam "filmar mais os bandidos do que a polícia". "Para as operações especiais, como Choque e Rota, eu realmente tenho dúvidas."

Ao Estadão, no entanto, Garcia mudou o discurso. "Tenho repetido: as câmeras filmam o bandido e protegem o policial. Transformar seu uso numa discussão ideológica, do contra ou a favor, é não levar a sério a segurança pública. Os dados até agora mostram que as câmeras protegem a vida do policial. Ninguém me provou o contrário", afirmou.

A queda de letalidade policial no Estado após a adoção das câmeras foi de 46% na média mensal, comparando o período anterior ao posterior à adoção dos equipamentos. Os 18 batalhões que trabalham com câmeras registraram redução de 85%.