Polícia apura ligação de vereador de SP com o PCC na gestão de empresa de ônibus
O vereador, a empresa e a Prefeitura não comentaram a operação até o horário de publicação desta matéria. De acordo com informações divulgadas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que coordena a apuração, a investigação começou depois da morte de Adauto Soares Jorge, ex-presidente da empresa de transporte Transunião, que possui contrato com a Prefeitura de São Paulo. Adauto foi executado em 4 de março de 2020. A partir do homicídio, a polícia diz ter descoberto o envolvimento do crime organizado com a empresa.
Segundo o Deic, Adauto teria sido morto por não realizar repasses de valores a membros do PCC, "motivo pelo qual foi desligado da empresa e teve o 'salve' decretado pela organização criminosa".
A polícia diz que Devanil Souza Nascimento, o "Sapo", suposto motorista do vereador Senival, levou Adauto para uma padaria, onde ocorreu a execução ainda no estacionamento. Quem teria cometido o homicídio foi Jair Ramos de Freitas, o "Cachorrão", que virou diretor da empresa de transporte após o crime. Sapo e Cachorrão tiveram a prisão temporária decretada.
A Justiça autorizou buscas ainda em endereços ligados ao atual presidente da empresa, Lourival de França Monario. Dezoito coletivos pertencentes aos investigados foram apreendidos.
De acordo com o Deic, Adauto seria "testa de ferro" do vereador Senival na direção da empresa de transporte, "que era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC".
"O próprio vereador era proprietário de 13 ônibus que prestavam serviços para a empresa, que tem contrato com a prefeitura da capital no valor de R$100 milhões anuais", acrescentou em nota o órgão da Polícia Civil.
Senival é líder do PT na Câmara dos Vereadores e presidente da Comissão de Trânsito e Transporte da Casa. Em 2020, após a morte de Adauto, o Estadão noticiou que ele havia solicitado escolta da Polícia Militar. "Houve uma preocupação da presidência (da Câmara) quanto à minha integridade física", disse na oportunidade.
Em 2020, o Estadão detalhou que Senival e Adauto eram perueiros nos anos 1980, antes de o transporte clandestino ser regularizado na gestão Marta Suplicy (2000-2004). Em 2012, o Ministério Público do Trabalho acusou Moura de contratar perueiros como "laranjas", declarando à Prefeitura serem donos de lotações que, na verdade, pertenceriam ao vereador. As ações trabalhistas terminaram em acordo e o parlamentar negou irregularidades.
Senival é irmão do ex-deputado estadual Luiz Moura, expulso do PT em 2014 após ter sido flagrado pela Polícia Civil em uma reunião em que, segundo a investigação da época, havia membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O deputado negou qualquer ligação com a facção criminosa. Diversas investigações do Ministério Público de São Paulo apontaram ligações entre a organização criminosa e as lotações da cidade.
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