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Brasil tem 10 vezes mais caçadores, atiradores esportivos e colecionadores de armas do que há 5 anos

País tem quase 1,5 milhão de armas ativas registradas na Polícia Federal - Getty Images
País tem quase 1,5 milhão de armas ativas registradas na Polícia Federal Imagem: Getty Images

Caio Possati, especial para o Estadão

Do Estadão Conteúdo

28/06/2022 18h01Atualizada em 28/06/2022 19h17

O número de Caçadores, Atiradores Esportivos e Colecionadores de armas de fogo (CAC) no Brasil é dez vezes maior atualmente na comparação com cinco anos atrás. Os dados são do Exército Brasileiro e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que considerou as informações até 1º de junho deste ano.

O levantamento, feito com base no número de Certificados de Registro (CR) de CACs no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma), mostra que 673.818 pessoas possuem CR ativo atualmente. Este total é 1067% maior em comparação com os 63.137 registros contabilizados em 2017.

O crescimento da categoria vem se desenhando desde 2005. Naquele ano, 13.378 tinham o registro de CAC no Sigma. Uma década depois, em 2015, o número de CRs ultrapassou a linha dos 42 mil. Em 2020, passados cinco anos, o grupo já acumulava 286,9 mil cadastros no Brasil.

No ano seguinte, em 2021, a quantidade de caçadores, atiradores e colecionadores subiu para 515,2 mil (crescimento aproximado de 80%), segundo o Exército Brasileiro e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública - 30,7% a menos que os 637,8 mil registrados até a metade deste ano.

Um efeito do crescimento deste grupo é o aquecimento do mercado nacional de venda de cartuchos de munição. Em 2021, os atiradores desportivos e caçadores compraram 37% mais munições em relação ao ano anterior (36,2 milhões contra 26,4 milhões de cartuchos), e 76% mais em comparação com 2017 (20,5 milhões de cartuchos).

A aquisição por parte de entidades de tiro desportivo foi ainda mais expressiva. Foram 7,2 milhões de cartuchos comprados em 2021, o que representa 140% a mais que o ano anterior (3 milhões, aproximadamente), e 247% em comparação com cinco anos atrás (pouco mais de 2 milhões).

O crescimento do acesso a armas de fogo ocorre no contexto de decisões tomadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, que tem no tema uma das suas principais bandeiras. Desde o primeiro ano do seu governo, Bolsonaro buscou facilitar acesso e procedimentos a armamentos tanto na Polícia Federal quanto no Exército.

País tem quase 1,5 milhão de armas ativas registradas na Polícia Federal.

Dados do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam também que o Brasil tem, precisamente, 1.490.323 de armas ativas registradas na Polícia Federal (PF). Os números são referentes ao ano de 2021 e mostram um aumento de 20% em relação a 2020, que acumulava 1,23 milhão de dispositivos ativos cadastrados no sistema.

O levantamento também aponta que somente duas Unidades da Federação, Amazonas (50,1%) e São Paulo (44,5%), tiveram aumento do número de registro de armas inferior a 80% em relação a 2017. Todos os demais 24 estados e o Distrito Federal (DF) chegaram a quase dobrar, ou mais do que duplicar, a quantidade de armas ativas ao longo dos últimos cinco anos.

Com um crescimento de 583.1%, o DF é a unidade que, proporcionalmente, mais se armou neste período, segundo os dados. Em número absolutos, a quantidade de armas de fogo ativas registradas no Sinarm referente à unidade federativa saltou de 35.693, em 2017, para 243.806 em 2021.