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Racha no Centrão ameaça poder de Lira, que já articula bloco paralelo

Queda de braço começou depois que o Republicanos deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC. - Reprodução
Queda de braço começou depois que o Republicanos deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC. Imagem: Reprodução

Vera Rosa e Daniel Weterman

Brasília

01/04/2023 08h36Atualizada em 01/04/2023 11h01

O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos, com 142 deputados, contrariou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.

A queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC. A nova correlação de forças tem impacto na base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.

O deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, também busca se fortalecer na disputa e, ao deixar o Centrão, conseguiu montar um grupo que incluiu o MDB e o PSD, partidos com ministérios.

O movimento que rachou o Centrão agradou ao Planalto principalmente por ter surgido no momento em que Lira vem criando problemas para o governo por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O bloco que desafia Lira planeja ter a mesma formação durante quatro anos. O arranjo pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Na prática, os blocos são formados para dar musculatura aos partidos na eleição da cúpula da Câmara e também nas comissões. O tamanho de cada um define quantas vagas serão ocupadas nesses colegiados. A estrutura também é decisiva para as votações em plenário.

O Estadão apurou que Marcos Pereira espera atrair o apoio do PT para sua possível candidatura à presidência da Câmara, em 2025, mas ele nega qualquer tentativa de se opor a Lira. "Somos aliados e leais ao Arthur. Ele é nosso líder maior e comandante principal", afirmou Pereira ao Estadão. O deputado observou que o impacto dessas articulações dependerá dos acordos "pilotados" por Lira.

"São partidos do centro, que possuem alguns pensamentos iguais sobre o andamento da Casa. Claro que não 100%, mas a grande maioria é governista e tem tudo para dar certo", afirmou o líder do novo bloco, Fábio Macedo (Podemos-MA).

Na outra ponta, o deputado Alex Manente, vice-líder da federação PSDB-Cidadania, admitiu as conversas com Lira. "Naturalmente, após o primeiro bloco, haverá a formação de outros, até para poder ter novo jogo de poder na Câmara", afirmou ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.