Militares e PF ensaiam nova crise com pressão do GSI para retomar segurança de Lula
As investidas do novo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marcos Antonio Amaro dos Santos, para trazer de volta à pasta a responsabilidade pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram crescer a tensão entre a Polícia Federal e as Forças Armadas.
Diante da desconfiança do governo com os militares, exacerbada após os atos golpistas de 8 de janeiro, Lula retirou sua proteção das mãos do GSI e criou a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata, comandada por policiais federais.
O decreto tem validade até o fim de junho, prazo em que o Palácio do Planalto quer promover uma "desbolsonarização" completa do GSI, mas nos bastidores o presidente já sinalizou a disposição em tornar a secretaria permanente.
A criação da secretaria por si só já criara um mal-estar entre PF e Forças Armadas em Brasília, que se sentiram desprestigiadas pelo governo. A insatisfação cresceu quando Lula nomeou como ministro interino do GSI um civil, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, em um "mandato-tampão" após a queda do general Edson Gonçalves Dias.
Conhecido como G.Dias, o militar caiu após a divulgação de imagens suas circulando inerte pela sede do Executivo durante a invasão de 8 de janeiro.
Empossado ministro do GSI na última quinta-feira, o general Marcos Antonio Amaro dos Santos, ex-chefe da segurança pessoal da ex-presidente Dilma Rousseff, no entanto, afirmou mais cedo em entrevista aos jornais Folha de S.Paulo e O Globo que a pasta deve retomar a segurança de Lula por decisão do presidente.
Nos bastidores, a cúpula da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata diz desconhecer qualquer deliberação nesse sentido e vê retrocesso na medida.
Como revelou a reportagem, na reformulação do GSI feita por Cappelli, Lula determinou uma solução intermediária: deixar o comando do ministério com um militar de confiança, de forma a evitar qualquer mal-estar com os militares, mas esvaziar as funções da pasta e aumentar a participação dos civis.
O recado foi entendido pelos policiais militares como a confirmação de que a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata seguiria fora do GSI, em um momento em que quadros das Forças Armadas seguem bastante ligados com o bolsonarismo.
Hoje, a secretaria Extraordinária de Segurança Imediata tem 300 policiais diretamente envolvidos na operação. Eles também cuidam da segurança do vice-presidente Geraldo Alckmin e sua família, que igualmente mostram nos bastidores mais confiança nos policiais do que nos militares.
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