Exército faz defesa de animais, mas não anuncia punição a militar que chutou bicho
Após a repercussão de um vídeo onde um militar chuta um filhote de animal em um quartel no Rio de Janeiro, o Exército Brasileiro divulga na noite desta terça-feira, 3, um texto para ressaltar a ligação da Força com bichos. "Mais do que amigos, (são) companheiros de missão", diz o artigo produzido pela Força em meio às cobranças públicas de punição ao militar que agrediu o animal.
Apesar do amor declarado na postagem, o Exército ainda não anunciou uma punição contra o membro que agrediu o bicho.
O caso de maus-tratos aconteceu no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, localizado em Bonsucesso, na Zona Norte da capital fluminense. Incentivado por colegas, um militar chutou o animal que voou para longe, arrancando risadas do grupo. Após o vídeo viralizar, o Exército afirmou nesta segunda, 2, que abriu um procedimento administrativo contra o agressor, porém ainda não anunciou a punição que será dada aos envolvidos.
"O Exército Brasileiro não compactua com nenhum tipo de violência a animais de qualquer espécie. Ao tomar conhecimento do fato, após a análise das imagens, iniciou-se a devida apuração, por meio de procedimento administrativo", afirmou a Força pelas redes sociais nesta segunda-feira, 2.
Nesta terça, 3, no X (ex-Twitter) o Exército postou a imagem de um soldado abraçado com uma onça. Abaixo da imagem há um link para o site da Força onde está publicado um longo texto para falar da importância dos animais para os militares.
Junto ao texto, foram publicadas fotos de oficiais e soldados ao lado de cavalos, onças e cachorros. Não há referência ao caso da agressão no Rio de Janeiro. Em outro trecho, os militares citam que uma das suas missões é a "preservação ambiental".
"A força da relação entre militares e animais também integra as fundações do Exército Brasileiro. Na Instituição, alguns bichos são mais do que amigos dos seres humanos: são companheiros, integrantes da Força Terrestre e elementos fundamentais para a defesa do Brasil. Outros animais são foco de uma outra grande missão do Exército: a preservação ambiental", diz o texto do Exército publicado nesta terça.
Ibama quer nome do militar que chutou animal
De acordo com biólogos ouvidos pela reportagem, o animal ferido no quartel se assemelha a um filhote de gambá. A espécie é comum na Mata Atlântica e é considerado frágil pelos especialistas. De acordo com o artigo nº 32 da Lei de Crimes Ambientais, ferir animais silvestres é passível de pena de três meses a um ano de detenção. Levá-los à morte pode resultar em um aumento da punição.
Nesta terça-feira, 3, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) notificou o Exército a informar o nome do militar e as circunstâncias em que ele aparece fardado chutando o bicho.
Na Câmara de Vereadores do Rio, o vereador Luiz Ramos Filho (PMN-RJ) apresentou, nesta segunda, um pedido para que o Departamento de Cultura e Ensino do Exército (DecEx) apurasse e punisse o militar de acordo com a Lei de Crimes Ambientais. No ofício, o parlamentar também solicitou uma garantia do Exército para que "esse tipo de atitude seja coibida de forma severa e não venha a se repetir".
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