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Oficial do Costa Concordia conta que comando do navio demorou a soar alarme e ordenar evacuação

Em Grosseto (Itália)

07/10/2013 17h55

O navio Costa Concordia, naufragado no dia 13 de janeiro de 2012 na Itália, deu apenas um golpe nos rochedos da ilha de Giglio. Esse choque foi o suficiente para definir sua sorte, e os oficiais da embarcação perceberam o que estava acontecendo em poucos minutos. Um deles, Giovanni Iaccarino, relatou nesta segunda-feira (7) em um depoimento de mais de nove horas ao tribunal de Grossetto o passo a passo do acidente.

Iaccarino deixou claro que o comando do navio, informado da situação, hesitou em dar o alarme e a ordem de evacuação aos passageiros. "Depois de 10 minutos da batida, já tínhamos perdido tudo, geradores a diesel, motores elétricos, o quadro elétrico principal. O navio estava perdido", contou o oficial de 30 anos, que é uma testemunha chave da acusação por ter inspecionado pessoalmente os pontos inferiores invadidos pela água para informar ao capitão Francesco Schettino.   

Montagem de um minuto resume 19 horas de resgate do Costa

"Quando eu disse ao comando que a situação era grave, eles responderam 'Ok, recebido', mas não me diziam o que fazer. Eles estavam muito calmos, enquanto lá embaixo a água subia, nada funcionava e não sabíamos o que fazer. Além disso, estávamos afundando em poucos minutos, era muito perigoso ficar ali", acrescentou. O primeiro aviso de Iaccarino foi feito às 21h59. Depois ainda tiveram mais quatro, até às 22h30, sempre apontando uma progressiva piora das avarias e do afundamento. A batida aconteceu às 21h45, ou seja, às 22h o comandante já tinha elementos para saber que o Costa Concordia estava para naufragar.

"Eu e oficial Simone Canessa estávamos descansando. Enquanto jogávamos playstation percebemos uma inclinação do navio. Caíram algumas coisas, pensamos que tinha havido uma colisão. Depois fomos aos comandantes e vimos Schettino colocando as mãos na cabeça e dizendo 'Que besteira eu fiz'", contou.   

Iaccarino também relatou que o capitão já queria navegar próximo à ilha de Giglio na semana anterior ao acidente, mas isso não foi possível porque as condições do mar não estavam adequadas.   

Mas na noite de 13 de janeiro de 2012, após a embarcação zarpar de Civitavecchia, a rota foi refeita, alterando de cinco para meia milha a distância em relação à ilha. "Em ambos os casos isso não estava previsto no programa oficial do Costa Concordia", afirmou o oficial.   

O julgamento do naufrágio continua nesta terça-feira (8), com os depoimentos do cartógrafo Simone Canessa e do oficial em treinamento Salvatore Ursino. Ao todo, 1.040 pessoas vão testemunhar sobre o caso.