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Dois dos três pilotos do voo AF 447 dormiam antes de acidente

Marinha do Brasil/Divulgação
Imagem: Marinha do Brasil/Divulgação

Em Londres

13/10/2014 16h16

Dois dos três pilotos do voo Air France 447 que caiu no oceano Atlântico em junho de 2009 enquanto ia do Rio de Janeiro a Paris estavam dormindo até poucos minutos antes do avião se chocar contra a água e matar as 228 pessoas a bordo.

É o que emerge de uma investigação publicada na edição de outubro da revista britânica "Vanity Fair".

Registros das gravações das conversas na cabine de comando mostram que David Robert, 37, e Marc Dubois, 58, foram descansar e deixaram o Airbus A330 nas mãos do menos experiente dos três, Pierre-Cedric Bonin, 32. Neste momento, a aeronave enfrentava uma forte tempestade tropical, que acabou congelando as sondas de velocidade do avião --chamadas de tubos de pitot.

Com isso, o Airbus passou a sofrer perda de sustentação, ou estol. Quando isso acontece, os pilotos devem baixar o nariz da aeronave, e não levantá-lo, como teriam feito. Pouco mais de um minuto e meio após o problema com os tubos de pitot, Dubois finalmente entrou na cabine. Em seguida, Robert disse: "F***, nós vamos bater! Isso não é verdade! O que está acontecendo?".

Logo depois, ou ele ou Bonin afirmou "F***, estamos mortos".

Poucos segundos mais tarde, o avião atingiu o oceano. "Se o capitão [Dubois] tivesse ficado na sua posição durante a tempestade, ele teria atrasado seu cochilo em não mais do que 15 minutos, mas, por causa de sua experiência, talvez a história tivesse um final diferente", declarou à "Vanity Fair" o investigador-chefe do caso, Alain Bouillard.

"Mas eu não acredito que ele tenha saído por causa de fadiga.

Isso era um comportamento usual, parte da cultura de pilotagem da Air France. E sua saída não estava contra as regras", acrescentou.

A Air France e a Airbus serão levadas a julgamento na Justiça francesa pelo crime de homicídio involuntário.

Em comunicado enviado na noite desta terça-feira (14), a Air France afirma que houve um "um mal-entendido e uma interpretação equivocada dos acontecimentos que ocorreram na cabine".

"As informações divulgadas são imprecisas e difamatórias ao dizer que dois dos três pilotos do voo AF 447 estavam dormindo quando eles entraram em uma nuvem de cristais de gelo, resultando na perda de informações de velocidade. Como o BEA (Escritório de Investigações e Análise Francês) formalmente declarou no relatório final, no momento em que as indicações de velocidade foram perdidas, os dois copilotos estavam na cabine no comando da aeronave. Além disso, 1 minuto e 38 segundos após o início do incidente, o comandante retornou à cabine para ajudar os copilotos a retomar o controle da aeronave", afirma a nota.