Pais de italiano morto no Cairo cobram 'verdade' sobre crime
ROMA, 29 MAR (ANSA) - Os pais do pesquisador italiano Giulio Regeni, Paola e Claudio, deram uma entrevista coletiva na Comissão de Direitos Humanos do Senado nesta terça-feira (29) e pediram que os investigadores apresentem a "verdade" sobre o assassinato de seu filho. Giulio morava no Cairo para realizar uma pesquisa acadêmica sobre a atuação de sindicatos clandestinos no país e foi encontrado sem vida no dia 3 de fevereiro.
"No necrotério, eu reconheci Giulio apenas pela ponta do nariz e eu não posso dizer o que eles fizeram. É uma imagem que com muita dor, eu e Claudio buscamos sobrepor com aquela de quando ele estava feliz. O seu rosto, como foi restituído pelo Egito está completamente diferente. Ao invés daquele olhar brilhante e aberto, há uma face pequena, pequena, pequena, não dá para falar o que fizeram. Naquele rosto, eu vi todo o mal do mundo e me perguntei porque todo o mal do mundo se virou contra ele", disse a emocionada mãe do jovem.
Segundo as informações divulgadas pela imprensa italiana e egípcia, o estudante foi vítima de dias seguidos de tortura e espancamento. No início, o crime parecia comum, mas foi ganhando contornos dramáticos. Diversas organizações e a mídia internacional acusam o governo do Egito de ter confundido Regeni com um espião e tê-lo matado por engano.
Paola recusou-se a acusar as autoridades pelo crime, mas disse que seu filho foi morto "como um egípcio" criminoso. "Se nós pensarmos no que aconteceu, ou seja, as torturas sofridas por um cidadão italiano, então, provavelmente, é um caso isolado. Mas, ao contrário, os amigos de Giulio, a parte amiga do Egito, nos afirmaram que ele foi torturado e assassinado como um egípcio", ressaltou.
Rejeitando o argumento de que seu filho era um "espião", o pai de Giulio disse que confia nas investigações feitas pela Procuradoria de Roma e no governo italiano. "Nós tínhamos contatos frequentes e profundos e ele contava sobre todos os seus relacionamentos no Cairo. Nada nos deixa pensar que ele trabalhava para os serviços secretos", disse Claudio ressaltando que o jovem estava "sereno, feliz e tranquilo" pouco antes de seu sequestro, no dia 25 de janeiro.
A mãe do italiano afirmou ainda que espera que as investigações - que são feitas também pelas autoridades egípcias - deem resultado. "Se no dia 5 de abril, as respostas forem vazias, nós confiamos em uma resposta forte do nosso governo. Forte, mas muito forte. É desde o dia 25 de janeiro que esperamos uma resposta sobre Giulio", disse Paola em referência à data que os investigadores egípcios estarão em Roma para apresentar resultados da investigação.
Os pais do pesquisador também foram unânimes em apoiar um projeto apresentado pelo senador Luigi Manconi, presidente da Comissão dos Direitos Humanos, que prevê medidas contra o Egito.
Pelo projeto, o governo italiano deverá convocar o embaixador italiano no Cairo para consultas (um forte gesto diplomático para mostrar insatisfação), rever as relações consulares entre as duas nações e inserir o Egito na relação de países não seguros da Unidade de Crise do Ministério das Relações Exteriores. As medidas seriam um forte baque nas boas relações diplomáticas que existem entre os dois países. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
"No necrotério, eu reconheci Giulio apenas pela ponta do nariz e eu não posso dizer o que eles fizeram. É uma imagem que com muita dor, eu e Claudio buscamos sobrepor com aquela de quando ele estava feliz. O seu rosto, como foi restituído pelo Egito está completamente diferente. Ao invés daquele olhar brilhante e aberto, há uma face pequena, pequena, pequena, não dá para falar o que fizeram. Naquele rosto, eu vi todo o mal do mundo e me perguntei porque todo o mal do mundo se virou contra ele", disse a emocionada mãe do jovem.
Segundo as informações divulgadas pela imprensa italiana e egípcia, o estudante foi vítima de dias seguidos de tortura e espancamento. No início, o crime parecia comum, mas foi ganhando contornos dramáticos. Diversas organizações e a mídia internacional acusam o governo do Egito de ter confundido Regeni com um espião e tê-lo matado por engano.
Paola recusou-se a acusar as autoridades pelo crime, mas disse que seu filho foi morto "como um egípcio" criminoso. "Se nós pensarmos no que aconteceu, ou seja, as torturas sofridas por um cidadão italiano, então, provavelmente, é um caso isolado. Mas, ao contrário, os amigos de Giulio, a parte amiga do Egito, nos afirmaram que ele foi torturado e assassinado como um egípcio", ressaltou.
Rejeitando o argumento de que seu filho era um "espião", o pai de Giulio disse que confia nas investigações feitas pela Procuradoria de Roma e no governo italiano. "Nós tínhamos contatos frequentes e profundos e ele contava sobre todos os seus relacionamentos no Cairo. Nada nos deixa pensar que ele trabalhava para os serviços secretos", disse Claudio ressaltando que o jovem estava "sereno, feliz e tranquilo" pouco antes de seu sequestro, no dia 25 de janeiro.
A mãe do italiano afirmou ainda que espera que as investigações - que são feitas também pelas autoridades egípcias - deem resultado. "Se no dia 5 de abril, as respostas forem vazias, nós confiamos em uma resposta forte do nosso governo. Forte, mas muito forte. É desde o dia 25 de janeiro que esperamos uma resposta sobre Giulio", disse Paola em referência à data que os investigadores egípcios estarão em Roma para apresentar resultados da investigação.
Os pais do pesquisador também foram unânimes em apoiar um projeto apresentado pelo senador Luigi Manconi, presidente da Comissão dos Direitos Humanos, que prevê medidas contra o Egito.
Pelo projeto, o governo italiano deverá convocar o embaixador italiano no Cairo para consultas (um forte gesto diplomático para mostrar insatisfação), rever as relações consulares entre as duas nações e inserir o Egito na relação de países não seguros da Unidade de Crise do Ministério das Relações Exteriores. As medidas seriam um forte baque nas boas relações diplomáticas que existem entre os dois países. (ANSA)
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