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Paz na Colômbia; Relembre trajetória de confronto com Farc

26/09/2016 13h34

BOGOTÁ, 26 SET (ANSA) - Após mais de 50 anos, chega ao fim nesta segunda-feira, dia 26, o mais sangrento conflito interno da América Latina com a assinatura de um acordo de paz entre as autoridades de Bogotá e os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).   

Confira cronologia do grupo: No final dos anos 1940, a Colômbia passou por um período de conflitos entre liberais e conservadores conhecido como "La Violencia". Milhares de pessoas morreram e muitos grupos de camponeses se uniram aos comunistas para se armar e se defender; era a origem do grupo. 1964 - Após um ataque militar, é criado oficialmente o grupo guerrilheiro. De orientação marxista, seus militantes defendiam a implementação de um Estado socialista e da reforma agrária. 1978 - É instituído o Secretariado, organizando ainda mais a direção das Farc, e abrindo caminho para um crescimento sem precedentes nos anos seguintes. Até os anos 1980, o grupo cresce de forma relativamente lenta, contando com cerca de mil homens. A partir desta década, no entanto, o grupo cresce muito, tornando-se uma das maiores ameaças do governo, especialmente após seu envolvimento com o narcotráfico para poder financiar suas atividades. O grupo vai perdendo popularidade, no entanto, especialmente após uma onda de sequestros, extorsões, torturas e atentados, que deixaram milhares de civis mortos. Em 1990 morre Jacobo Arenas, considerado principal líder e idealizador do grupo, de causas naturais. Grupo continua a crescer com as atividades ilegais. Nos anos 2000, o governo dos Estados Unidos envia bilhões de dólares para financiar operações contra o narcotráfico e as ações insurgentes no chamado "Plano Colômbia". A ação ajuda a enfraquecer o grupo e resulta na morte de diversos de seus comandantes. 2008 - As Farc, que costumavam sequestrar fazendeiros, políticos e soldados, que algumas vezes chegavam a ficar presos por anos, liberta a ex-candidata a Presidência Ingrid Betancourt, meses após sua ex-aliada Clara Rojas, que teve um filho durante o cativeiro. O menino, chamado Emmanuel, permaneceu desaparecido por anos, após ser entregue a camponeses. Neste mesmo ano morre Raúl Reyes, número dois do grupo, em ação das tropas colombianas no Equador. Meses mais tarde, morre o líder histórico Manuel Marulanda, conhecido como Tirofijo, após um infarto. Ele é substituído por Alfonso Cano. 2011 - Cano morre em uma operação militar. 2012 - O presidente Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa, confirma o início das negociações de paz em Havana sob o intermédio de Cuba e Noruega. Morte de líderes e avanços do Exército haviam enfraquecido o grupo. 2013 - Santos ameaça deixar negociações se não forem apresentados avanços nas conversas. Seis meses após início dos diálogos, partes envolvidas anunciam acordo sobre primeiro ponto da agenda, a política de desenvolvimento agrário. Até o final do ano, o segundo ponto, a participação política dos membros das Farc, também seria acordado. Em agosto, pela primeira vez as Farc admitem que, ao longo do conflito, foram deixadas vítimas e pedem a criação de uma Comissão da Verdade sobre os crimes de lesa humanidade cometidos. 2015 - O governo de Bogotá e as Farc anunciam no final do ano um acordo sobre a espinhosa questão das consequências judiciais do conflito, o que abre caminho para colocar um fim definitivo ao caso. A questão era um dos principais entraves das negociações de paz entre os dois lados e um acordo é anunciado para o dia 23 de março, seis meses mais tarde. 2016 - Acordo previsto para março é postergado indefinidamente.   

Meses mais tarde, no entanto, Santos fala em uma nova data, até 20 de julho, que novamente não é respeitada. Em 23 de agosto, as autoridades de Bogotá e os guerrilheiros concluem as negociações de paz, após mais de três anos de conversas. Dias mais tarde tem início cessar-fogo bilateral, algo que não acontecia desde 1984. Assinatura de acordo é marcada para 26 de setembro em Cartagena das Índias em cerimônia que contará com a presença de diversos líderes da região.   

É convocado para o dia 2 de outubro um plebiscito em que a população decidirá se aprova o acordo alcançado com os guerrilheiros.   

Desde que as Farc foram criadas, no começo dos anos 1960, estima-se que o conflito com Bogotá tenha deixado mais de 220 mil mortos, quase 50 mil desaparecidos e 6,6 milhões de deslocados. (ANSA)
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