Franceses vão às urnas sob ameaça do terrorismo
PARIS, 22 ABR (ANSA) - Sob a sombra do terrorismo, mais de 45 milhões de franceses serão convocados neste domingo (23) para o primeiro turno das eleições que definirão o próximo presidente do país.
As urnas ficarão abertas entre 8h (horário local) e 19h, com exceção das grandes cidades, como Paris, Lyon, Lille, Cannes, Nice e Marselha, onde o fechamento pode ser postergado para as 20h, quando devem sair as primeiras projeções.
Os principais colégios eleitorais do país terão segurança reforçada por conta da ameaça do terrorismo, ainda mais depois da prisão de dois suspeitos que estariam planejando atentados durante a votação e do ataque que matou um policial na avenida Champs-Élysées, em Paris.
O clima na França, alvo de diversas ações terroristas nos últimos dois anos, beira o pânico coletivo, como ficou claro em um incidente ocorrido neste sábado (22) na estação Gare du Nord, também em Paris. Durante a tarde, um homem se aproximou de policiais com uma faca na mão e provocou desespero entre os passageiros, que largaram suas malas no chão e fugiram correndo.
Os agentes conseguiram conter o indivíduo, que alegava temer pela própria vida e não opôs resistência, mas ainda assim foi preciso chamar um esquadrão antibombas para analisar todas as bagagens abandonadas no chão.
Segundo o jornal "Le Parisien", uma circular secreta dos serviços de inteligência define como "indispensável" a presença da Polícia nos colégios eleitorais mais vulneráveis e cita uma "ameaça jihadista constante e substancial". Além disso, as forças de segurança ainda estão preocupadas com possíveis atos de violência após a divulgação dos resultados, principalmente se os candidatos Marine Le Pen, de extrema direita, e Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda, avançarem ao segundo turno.
Contudo, o maior temor diz respeito à atuação dos chamados "lobos solitários", que fazem atentados de maneira quase rudimentar e poderiam mirar um dos milhares de locais de voto na França. As eleições também acontecerão sob estado de emergência, decretado após os atentados de 13 de novembro de 2015 e renovado diversas vezes desde então.
A disputa - A corrida pelo Palácio do Eliseu reúne 11 candidatos, sendo que quatro aparecem com chances concretas de chegar ao segundo turno: o ex-ministro das Finanças Emmanuel Macron (Em Marcha!), de centro; a eurodeputada Marine Le Pen (Frente Nacional), de extrema direita; o ex-primeiro-ministro François Fillon (Os Republicanos), de direita; e o também eurodeputado Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda.
A última pesquisa divulgada aponta Macron (24,5%) e Le Pen (23%) como favoritos, mas com pouca vantagem sobre Fillon e Mélenchon, cada um com 19%. A votação também pode sacramentar a derrocada do Partido Socialista, que paga o preço da impopularidade do presidente François Hollande - o primeiro na Quinta República a não tentar a reeleição - e vê seu candidato, o ex-ministro da Educação Benoît Hamon, com menos de 10% das intenções de voto.
No entanto, o fato de cerca de 30% da população ainda estar indecisa aumenta a incerteza em torno de uma disputa que tem se mostrado bastante acirrada até aqui. O ano começou com Fillon e Le Pen brigando ponto a ponto pela liderança nas pesquisas, mas as denúncias de que o candidato conservador teria colocado a esposa e os filhos em empregos fantasmas na Assembleia Nacional abriram espaço para Macron.
Dissidente socialista, o ex-ministro se apresenta como uma espécie de terceira via liberal e europeísta e conseguiu cativar o eleitorado com um discurso carismático, lembrando as ascensões de Tony Blair, no Reino Unido, e Matteo Renzi, na Itália.
Aos 39 anos, Macron pleiteia se tornar o mais jovem presidente da história da França e já foi chamado por seus adversários de "Justin Bieber" e "Beppe Grillo vestido de Giorgio Armani", em referência ao líder antissistema italiano.
Com um movimento criado há apenas um ano, o Em Marcha!, ele asusmiu a liderança nas pesquisas, que indicavam um cada vez mais certo segundo turno com Le Pen, a candidata que promete convocar um plebiscito para a saída da França da União Europeia.
Mas, nas últimas semanas, Fillon foi capaz de estancar sua queda nas sondagens, que ainda constataram a inesperada ascensão de Mélenchon. Também eurocético, o eurodeputado do movimento França Insubmissa é contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e admirador de Hugo Chávez e Fidel Castro.
Seu crescimento tem sido comparado ao de Bernie Sanders, que quase tirou a candidatura de Hillary Clinton pelo Partido Democrata, e ele conta com o apoio declarado da legenda antissistema espanhola Podemos, cujo líder, Pablo Iglesias, discursou em seu favor no último dia de campanha.
O novo presidente ainda terá de aguardar até 11 e 18 de junho, datas das eleições para a Assembleia Nacional, para saber se terá maioria no Parlamento. Devido à fragmentação política no país, existe a chance de, pela primeira vez em 15 anos, o chefe de Estado ter de nomear um primeiro-ministro de oposição. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
As urnas ficarão abertas entre 8h (horário local) e 19h, com exceção das grandes cidades, como Paris, Lyon, Lille, Cannes, Nice e Marselha, onde o fechamento pode ser postergado para as 20h, quando devem sair as primeiras projeções.
Os principais colégios eleitorais do país terão segurança reforçada por conta da ameaça do terrorismo, ainda mais depois da prisão de dois suspeitos que estariam planejando atentados durante a votação e do ataque que matou um policial na avenida Champs-Élysées, em Paris.
O clima na França, alvo de diversas ações terroristas nos últimos dois anos, beira o pânico coletivo, como ficou claro em um incidente ocorrido neste sábado (22) na estação Gare du Nord, também em Paris. Durante a tarde, um homem se aproximou de policiais com uma faca na mão e provocou desespero entre os passageiros, que largaram suas malas no chão e fugiram correndo.
Os agentes conseguiram conter o indivíduo, que alegava temer pela própria vida e não opôs resistência, mas ainda assim foi preciso chamar um esquadrão antibombas para analisar todas as bagagens abandonadas no chão.
Segundo o jornal "Le Parisien", uma circular secreta dos serviços de inteligência define como "indispensável" a presença da Polícia nos colégios eleitorais mais vulneráveis e cita uma "ameaça jihadista constante e substancial". Além disso, as forças de segurança ainda estão preocupadas com possíveis atos de violência após a divulgação dos resultados, principalmente se os candidatos Marine Le Pen, de extrema direita, e Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda, avançarem ao segundo turno.
Contudo, o maior temor diz respeito à atuação dos chamados "lobos solitários", que fazem atentados de maneira quase rudimentar e poderiam mirar um dos milhares de locais de voto na França. As eleições também acontecerão sob estado de emergência, decretado após os atentados de 13 de novembro de 2015 e renovado diversas vezes desde então.
A disputa - A corrida pelo Palácio do Eliseu reúne 11 candidatos, sendo que quatro aparecem com chances concretas de chegar ao segundo turno: o ex-ministro das Finanças Emmanuel Macron (Em Marcha!), de centro; a eurodeputada Marine Le Pen (Frente Nacional), de extrema direita; o ex-primeiro-ministro François Fillon (Os Republicanos), de direita; e o também eurodeputado Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda.
A última pesquisa divulgada aponta Macron (24,5%) e Le Pen (23%) como favoritos, mas com pouca vantagem sobre Fillon e Mélenchon, cada um com 19%. A votação também pode sacramentar a derrocada do Partido Socialista, que paga o preço da impopularidade do presidente François Hollande - o primeiro na Quinta República a não tentar a reeleição - e vê seu candidato, o ex-ministro da Educação Benoît Hamon, com menos de 10% das intenções de voto.
No entanto, o fato de cerca de 30% da população ainda estar indecisa aumenta a incerteza em torno de uma disputa que tem se mostrado bastante acirrada até aqui. O ano começou com Fillon e Le Pen brigando ponto a ponto pela liderança nas pesquisas, mas as denúncias de que o candidato conservador teria colocado a esposa e os filhos em empregos fantasmas na Assembleia Nacional abriram espaço para Macron.
Dissidente socialista, o ex-ministro se apresenta como uma espécie de terceira via liberal e europeísta e conseguiu cativar o eleitorado com um discurso carismático, lembrando as ascensões de Tony Blair, no Reino Unido, e Matteo Renzi, na Itália.
Aos 39 anos, Macron pleiteia se tornar o mais jovem presidente da história da França e já foi chamado por seus adversários de "Justin Bieber" e "Beppe Grillo vestido de Giorgio Armani", em referência ao líder antissistema italiano.
Com um movimento criado há apenas um ano, o Em Marcha!, ele asusmiu a liderança nas pesquisas, que indicavam um cada vez mais certo segundo turno com Le Pen, a candidata que promete convocar um plebiscito para a saída da França da União Europeia.
Mas, nas últimas semanas, Fillon foi capaz de estancar sua queda nas sondagens, que ainda constataram a inesperada ascensão de Mélenchon. Também eurocético, o eurodeputado do movimento França Insubmissa é contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e admirador de Hugo Chávez e Fidel Castro.
Seu crescimento tem sido comparado ao de Bernie Sanders, que quase tirou a candidatura de Hillary Clinton pelo Partido Democrata, e ele conta com o apoio declarado da legenda antissistema espanhola Podemos, cujo líder, Pablo Iglesias, discursou em seu favor no último dia de campanha.
O novo presidente ainda terá de aguardar até 11 e 18 de junho, datas das eleições para a Assembleia Nacional, para saber se terá maioria no Parlamento. Devido à fragmentação política no país, existe a chance de, pela primeira vez em 15 anos, o chefe de Estado ter de nomear um primeiro-ministro de oposição. (ANSA)
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