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Governo Maduro organizou invasão à Assembleia, diz mídia

11/07/2017 11h51

CARACAS, 11 JUL (ANSA) - O jornal venezuelano "El Nacional" publicou nesta terça-feira (11) uma série de transcrições captadas durante a invasão da Assembleia Nacional, no dia 5 de julho, acusando o presidente Nicolás Maduro de estar por trás do ato dos paramilitares.   

De acordo com a publicação, três dos líderes da invasão, identificados como "Repollo", "Francis" e "Pícua", citam que o "Diamante 1" deu ordem para o "Golfo Noviembre Lugo" organizar a ação.   

De acordo com o jornal, "Diamante 1" é o codinome de Maduro e o "Golfo" é o coronel Bladimir Lugo - acusado formalmente nesta segunda-feira (10) de violar direitos humanos. Já os dois primeiros líderes são responsáveis por grupos paramilitares que apoiam o presidente e "Pícua" não foi identificado.   

Em um determinado momento da conversa dos dois líderes da ação, um deles diz que os trabalhadores da Assembleia deveriam ser soltos porque "Maduro ordenou", mas o outro se nega a deixar os funcionários saírem.   

Em outra parte da transcrição, os líderes comemoram que "deram uma boa lição" aos deputados. A Assembleia Nacional tem sua ampla maioria de membros oposicionistas e "perdeu" seus direitos de decisão como legislativo em uma manobra de Maduro.   

- Mortes: Além da confusão dentro do recinto, a mídia venezuelana informou que um candidato à Assembleia Nacional, identificado como José Luis Rivas, foi morto nesta terça-feira após ser alvo de um tiro durante um "motim político".   

De acordo com testemunhas, Rivas estava apresentando os candidatos para a Constituinte convocada por Maduro, em pleito marcado para 30 de julho, quando "um homem na multidão fez um disparo". Outros falam que o assassino deu "oito disparos e fugiu".   

Não se sabe ainda se a morte está relacionada às turbulentas questões políticas do país ou se foi a "resolução" de um conflito pessoal. O político era candidato pelo município de Girardot e já atuou com presidente da Frente Motorizados dessa região.   

Além de Rivas, um jovem de 16 anos morreu no estado de Carabobo durante uma manifestação em La Isabelica, elevando para 93 o número de mortes nos protestos que já duram mais de 100 dias.   

- Igreja volta a fazer apelo contra Constituinte: Assim como fez na semana passada, os bispos venezuelanos voltaram a pedir que o presidente desista da Constituinte, a qual acusam de ser inconstitucinal e antidemocrática. Em uma carta formal à Presidência, os religiosos pediram que ele retire o projeto para que uma "solução pacífica" da crise política possa ser alcançada.   

Para os bispos, Maduro precisa ter a "audácia necessária" para levar a Venezuela no caminho da "pacificação e da reconciliação, seguindo o caminho "ditado pelo papa Francisco". Neste sentido, eles pedem que o governo de Caracas implemente os acordos firmados nas negociações com a oposição encerradas no fim do ano passado e que foram seguidas pelo Vaticano e por instituições internacionais.   

Na época, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, elencou quatro prioridades para poder avançar nas negociações: a restituição dos poderes à Assembleia, um calendário eleitoral negociado, a criação de um corredor humanitário para transporte de alimentos e remédios e a libertação dos prisioneiros políticos.   

No entanto, no meio do caos, a responsável do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, anunciou que no próximo dia 16 de julho será realizada uma simulação para o voto da Assembleia Constituinte. A convocação ocorre no mesmo dia em que a oposição do país realizará um "referendo paralelo" sobre o tema.   

De acordo com Lucena, que fez o anúncio na sede do comando de operações das Forças Armadas e não do CNE, serão 1,1 mil máquinas eleitorais em todo o país para "permitir que os eleitores se aproximem e se familiarizem com o sistema de votação". (ANSA)
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