Itália registra 114 casos de feminicídio em 2017
ROMA, 23 NOV (ANSA) - Um novo estudo divulgado nesta quinta-feira (23) mostrou que 114 mulheres foram assassinadas nos 10 primeiros meses de 2017, mantendo o nível de feminicídios no país registrados nos últimos três anos.
O relatório divulgado pelo Eures quer chamar a atenção dos italianos às vésperas do Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, data celebrada no próximo dia 25.
Entre 2015 e 2016, o número de feminicídios na Itália voltou a aumentar, passando de 142 assassinatos para 150, alta de 5,6%. O aumento foi puxado pelos crimes nas regiões do norte e do centro do país.
No ano passado, a maior quantidade de crimes foram registrados na região da Lombardia (25), seguida pelo Vêneto (17) e pela Campânia (que registrou uma queda, com 16 feminicídios contra 31 em 2015).
Ainda segundo o Eures, em 76,7% dos casos, os homicídios ocorreram em um contexto familiar e afetivo, com uma forte conotação para crimes causados por ciúmes ou sentimento de posse das mulheres.
"As mulheres não podem ser colocadas diante de uma encruzilhada de sair das redes sociais ou aceitar ser vítima de violência.
Para elas, eu digo: denunciem. Somos um Estado de direito e podemos nos defender através das leis", afirmou a presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, ao falar sobre o relatório.
Boldrini ainda pediu para que os "homens não violentos saiam do silêncio" e se unam com as mulheres porque a "batalha contra o feminicídio será vencida só se ficarmos todos juntos". Ela ainda lembrou que, no dia 25, a Câmara será ocupada por mulheres e agradeceu ao presidente do país, Sergio Mattarella, por receber as representantes no palácio presidencial.
- Centros antiviolência: Atualmente, a Itália conta com 160 centros antiviolência, que funcionam há mais de 20 anos, e que são geridos por mulheres que acolhem outras mulheres de todas as idades. Além do acolhimento físico nesses locais, elas prestam ajuda por telefone e auxiliam os casos em que a vítima de ameaça precise de um "refúgio seguro".
"O nosso objetivo principal é ativar processos de transformação cultural e intervir nas dinâmicas estruturais nos quais se origina a violência masculina sobre as mulheres. Garantimos às mulheres que nos procuram o total sigilo e anonimato e as escutamos, acolhemos, damos apoio psicológico individual ou grupo e também apoio legal", disse Lella Palladino, que gerencia a D.i.Re (Mulheres em rede contra a violência, no acrônimo em italiano).
A entidade apoia outras 80 associações de apoio às mulheres vítimas de violência de norte a sul do país. Os centros funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, mesmo com os "pouquíssimos recursos" disponíveis, informa ainda Palladino.
Ainda segundo a líder do D.i.Re, houve atendimento para mais de 16 mil mulheres de todas as idades, italianas ou imigrantes, nos últimos anos.
"No nosso país, ainda é preciso trabalhar muito, sobretudo, em nível institucional para sensibilizar sobre o tema da violência contra a mulher. Por um lado, nos últimos anos, finalmente rompeu-se o silêncio que negou por muito tempo a existência desse tipo de problema estrutural na nossa sociedade.
Infelizmente, porém, a narração da violência ainda é permeada por distorções e instrumentalizações", diz ainda Palladino.
(ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
O relatório divulgado pelo Eures quer chamar a atenção dos italianos às vésperas do Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, data celebrada no próximo dia 25.
Entre 2015 e 2016, o número de feminicídios na Itália voltou a aumentar, passando de 142 assassinatos para 150, alta de 5,6%. O aumento foi puxado pelos crimes nas regiões do norte e do centro do país.
No ano passado, a maior quantidade de crimes foram registrados na região da Lombardia (25), seguida pelo Vêneto (17) e pela Campânia (que registrou uma queda, com 16 feminicídios contra 31 em 2015).
Ainda segundo o Eures, em 76,7% dos casos, os homicídios ocorreram em um contexto familiar e afetivo, com uma forte conotação para crimes causados por ciúmes ou sentimento de posse das mulheres.
"As mulheres não podem ser colocadas diante de uma encruzilhada de sair das redes sociais ou aceitar ser vítima de violência.
Para elas, eu digo: denunciem. Somos um Estado de direito e podemos nos defender através das leis", afirmou a presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, ao falar sobre o relatório.
Boldrini ainda pediu para que os "homens não violentos saiam do silêncio" e se unam com as mulheres porque a "batalha contra o feminicídio será vencida só se ficarmos todos juntos". Ela ainda lembrou que, no dia 25, a Câmara será ocupada por mulheres e agradeceu ao presidente do país, Sergio Mattarella, por receber as representantes no palácio presidencial.
- Centros antiviolência: Atualmente, a Itália conta com 160 centros antiviolência, que funcionam há mais de 20 anos, e que são geridos por mulheres que acolhem outras mulheres de todas as idades. Além do acolhimento físico nesses locais, elas prestam ajuda por telefone e auxiliam os casos em que a vítima de ameaça precise de um "refúgio seguro".
"O nosso objetivo principal é ativar processos de transformação cultural e intervir nas dinâmicas estruturais nos quais se origina a violência masculina sobre as mulheres. Garantimos às mulheres que nos procuram o total sigilo e anonimato e as escutamos, acolhemos, damos apoio psicológico individual ou grupo e também apoio legal", disse Lella Palladino, que gerencia a D.i.Re (Mulheres em rede contra a violência, no acrônimo em italiano).
A entidade apoia outras 80 associações de apoio às mulheres vítimas de violência de norte a sul do país. Os centros funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, mesmo com os "pouquíssimos recursos" disponíveis, informa ainda Palladino.
Ainda segundo a líder do D.i.Re, houve atendimento para mais de 16 mil mulheres de todas as idades, italianas ou imigrantes, nos últimos anos.
"No nosso país, ainda é preciso trabalhar muito, sobretudo, em nível institucional para sensibilizar sobre o tema da violência contra a mulher. Por um lado, nos últimos anos, finalmente rompeu-se o silêncio que negou por muito tempo a existência desse tipo de problema estrutural na nossa sociedade.
Infelizmente, porém, a narração da violência ainda é permeada por distorções e instrumentalizações", diz ainda Palladino.
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