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Partilha da Palestina completa 70 anos

28/11/2017 14h08

SÃO PAULO, 28 NOV (ANSA) - Andre Lajst**- Neste dia 29 de novembro de 2017, comemora-se o aniversário de 70 anos da "Partilha da Palestina" através da decisão 181 das Nações Unidas, presidida pelo ilustríssimo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha. Tal decisão pavimentou o fim do mandato britânico para a região e possibilitou a independência do Estado de Israel. A história da região e os detalhes do conflito israelo-palestino são antecessores da Partilha da Palestina, sendo, esta, uma ferramenta usada pelas Nações Unidas para evitar que os conflitos na região se agravassem. Durante décadas, após o fim do Império Otomano e começo do mandato britânico para a região da Palestina, judeus e árabes se enfrentaram em uma espécie de guerra civil, movida por ideologias distintas e autodeterminação nacional de ambas as partes. Judeus foram perseguidos durante séculos chegando ao auge do terrível holocausto europeu contra o povo hebreu. Muito antes do holocausto acontecer, o movimento sionista - o nome do nacionalismo judaico - já exercia influência em criar um lar nacional para o povo judeu em sua terra ancestral. Pouco se fala, nos dias de hoje, que a Partilha da Palestina foi a segunda proposta de divisão entre árabes e judeus, afim de poder criar dois Estados nacionais que atendessem ambos nacionalismos judaicos e árabe na região. A primeira proposta foi 10 anos antes, através da Comissão Peel, Lord inglês apontado pelo governo do Reino Unido para investigar a crescente onda de violência e greve geral na região. Após a oferta de divisão, as lideranças árabes rejeitam a proposta e efetuam uma grande revolta, que vem a terminar em 1939, com sua liderança preza, morta ou expulsa para o exilio. A primeira proposta de dois Estados fracassava. Em 1941, o líder palestino Haj Amin al-Husseini viajou à Alemanha e se reuniu com Hitler, Himmler, Ribbentrop e outros líderes nazistas. Na pauta dessas reuniões, Husseini tentou persuadi-los a estender o programa anti-judaico dos nazistas ao mundo árabe. Apesar de não representar todas esferas da sociedade árabe na palestina, Husseini se aliou a Hitler e, após o fim da Segunda Guerra Mundial, países como a Iugoslávia procuraram indiciar o Mufti como criminoso de guerra. Os dados acima descritos demonstram que não havia, na liderança árabe-palestina, líderes dispostos a aceitar a coexistência conforme proposta pelos britânicos e aceita pelos judeus. A Partilha da Palestina vem tentar resolver um conflito antigo, propondo uma divisão justa para que a paz e segurança pudessem ser preservados na região. A decisão da ONU foi uma recomendação da Assembleia Geral, que não possuía poder de lei e, portanto, não podia ser implementada à força. A liderança árabe em 1947, representada pela Liga Árabe na ONU, rejeitou a proposta da Partilha enquanto a liderança judaica aceitavou a mesma. A decisão é aprovada por 33 países votando a favor da decisão, 13 votando contra e 10 abstenções. Após a votação e aprovação, uma guerra civil entre árabes e judeus se instalou na região da Palestina. Com o fim do mandato britânico para a palestina se aproximando, lideranças judaicas preparam sua independência para ser anunciada no dia 15 de maio de 1948. Tal ato não foi aceito pela população árabe local, apesar dos pedidos das lideranças judaicas e dos dizeres na declaração de independência de Israel mencionarem que o país seria um Estado Judeu e democrático, com direitos iguais a todos. Após a declaração,começou a guerra da independência de Israel, que duraria mais de um ano com a participação de diversos países árabes contra Israel: Egito, Jordânia, Síria, Líbano e soldados do Iraque, Árabia Saudita, Sudão e outros. Esse conflito definiu as fronteiras que até os dias de hoje estão indefinidas. Um Estado árabe na Palestina havia sido criado em 1922 pelos ingleses, ao darem a Transjordânia, atual Jordânia, para a família Hussein, porém o estado para a população árabe remanescente na região não foi criado. Quando falamos na solução de dois Estados, precisamos lembrar que tal proposta não é recente, já foi oferecida mais de 2 vezes no passado, e outras tantas vezes em décadas recentes. A Partilha da Palestina, que hoje comemora seu septuagésimo aniversário, tentou resolver um problema que segue até os dias de hoje. Será que, se houvesse uma nova votação, no atual formato da ONU, a resolução seria aprovada? Será que a liderança palestina está preparada para o fim do conflito com os israelenses? São perguntas sem resposta. Esperamos que sim. Andre Lajst é cientista político e diretor executivo do Instituto Brasil-Israel. (ANSA)
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