Papa se desculpa com vítimas de pedofilia no Chile
AVIÃO PAPAL, 22 JAN (ANSA) - O papa Francisco pediu desculpas nesta segunda-feira (22) por ter criticado vítimas de pedofilia no Chile que acusam o bispo de Osorno, Juan Barros, 61 anos, de ter acobertado casos de abuso cometidos pelo padre Fernando Karadima, 87.
Na última quinta-feira (18), em Iquique, o líder católico dissera que não havia provas contra Barros e que ele estava sendo alvo de "calúnia". "A palavra 'prova' me traiu. Fiz confusão: não queria falar 'provas', mas sim 'evidências'. Há muita gente que sofreu abuso e não pode ter provas, ou as tem, mas sente vergonha e sofre em silêncio. Devo pedir desculpas, porque a palavra 'prova' feriu tantos abusados", declarou o Papa nesta segunda.
As frases de Francisco no Chile provocaram duras reações das vítimas do padre Karadima e até uma reprimenda pública do arcebispo de Boston, cardeal Sean O'Malley, que presidiu nos últimos anos uma comissão criada pelo Pontífice para combater a pedofilia na Igreja.
Segundo O'Malley, as palavras de Jorge Bergoglio "abandonam aqueles que sofreram violações" e "relegam os sobreviventes a um exílio desacreditado". "Acho que o cardeal O'Malley - o agradeço por sua declaração - foi muito justo. Porque disse aquilo que eu fiz e faço, que a Igreja faz. Depois citou a dor das vítimas", afirmou o Pontífice No entanto, Francisco não abriu mão da defesa de Barros e voltou a dizer que não há provas contra ele. "A propósito de prova ou calúnia, alguém que me diz com obstinação, mas sem evidências, que uma pessoa fez isso ou aquilo, está caluniando, porque não tem evidência. Mas eu não ouvi nenhuma vítima de Barros. Não deram uma evidência para o julgamento", acrescentou.
O "caso Karadima" abalou a imagem da Igreja Católica no Chile e foi motivo de protestos durante a passagem do Papa pelo país. As vítimas do padre, condenado pelo Vaticano em 2011, afirmam que Barros agia para encobrir os casos de pedofilia - algumas até dizem que o bispo presenciava os abusos pessoalmente.
No avião papal, Francisco garantiu que mandou a Santa Sé estudar e investigar a fundo as denúncias contra Barros. "Mas não há evidências de sua culpa. No caso Barros, não tenho evidências para condenar nem certeza moral", reforçou.
Bergoglio ainda revelou que o bispo viajou a Roma para renunciar ao episcopado, mas o pedido de demissão foi negado. "Eu disse 'não, não é assim que funciona', porque isso seria admitir previamente sua culpa. Depois, quando foi nomeado para Osorno, continuou esse movimento de protesto. Ele pediu demissão pela segunda vez. Eu disse 'você vai', falei bastante com ele", contou.
Entenda - Os casos de pedofilia envolvendo Karadima começaram na década de 1980, quando Barros era seminarista e homem de confiança do padre. Além disso, era secretário particular do então arcebispo de Santiago, Juan Francisco Fresno.
Juan Carlos Cruz, vítima de Karadima, garante que Barros o viu ser abusado pelo padre. "Como se eu pudesse ter feito uma selfie enquanto Karadima abusava de mim com Barros em pé ao lado dele, vendo tudo", ironizou ele após as declarações do Papa no Chile.
O bispo de Osorno nega as acusações.
Os denunciantes de Karadima ainda afirmam que Barros, no papel de secretário do arcebispo de Santiago, ignorava as acusações contra o padre. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Na última quinta-feira (18), em Iquique, o líder católico dissera que não havia provas contra Barros e que ele estava sendo alvo de "calúnia". "A palavra 'prova' me traiu. Fiz confusão: não queria falar 'provas', mas sim 'evidências'. Há muita gente que sofreu abuso e não pode ter provas, ou as tem, mas sente vergonha e sofre em silêncio. Devo pedir desculpas, porque a palavra 'prova' feriu tantos abusados", declarou o Papa nesta segunda.
As frases de Francisco no Chile provocaram duras reações das vítimas do padre Karadima e até uma reprimenda pública do arcebispo de Boston, cardeal Sean O'Malley, que presidiu nos últimos anos uma comissão criada pelo Pontífice para combater a pedofilia na Igreja.
Segundo O'Malley, as palavras de Jorge Bergoglio "abandonam aqueles que sofreram violações" e "relegam os sobreviventes a um exílio desacreditado". "Acho que o cardeal O'Malley - o agradeço por sua declaração - foi muito justo. Porque disse aquilo que eu fiz e faço, que a Igreja faz. Depois citou a dor das vítimas", afirmou o Pontífice No entanto, Francisco não abriu mão da defesa de Barros e voltou a dizer que não há provas contra ele. "A propósito de prova ou calúnia, alguém que me diz com obstinação, mas sem evidências, que uma pessoa fez isso ou aquilo, está caluniando, porque não tem evidência. Mas eu não ouvi nenhuma vítima de Barros. Não deram uma evidência para o julgamento", acrescentou.
O "caso Karadima" abalou a imagem da Igreja Católica no Chile e foi motivo de protestos durante a passagem do Papa pelo país. As vítimas do padre, condenado pelo Vaticano em 2011, afirmam que Barros agia para encobrir os casos de pedofilia - algumas até dizem que o bispo presenciava os abusos pessoalmente.
No avião papal, Francisco garantiu que mandou a Santa Sé estudar e investigar a fundo as denúncias contra Barros. "Mas não há evidências de sua culpa. No caso Barros, não tenho evidências para condenar nem certeza moral", reforçou.
Bergoglio ainda revelou que o bispo viajou a Roma para renunciar ao episcopado, mas o pedido de demissão foi negado. "Eu disse 'não, não é assim que funciona', porque isso seria admitir previamente sua culpa. Depois, quando foi nomeado para Osorno, continuou esse movimento de protesto. Ele pediu demissão pela segunda vez. Eu disse 'você vai', falei bastante com ele", contou.
Entenda - Os casos de pedofilia envolvendo Karadima começaram na década de 1980, quando Barros era seminarista e homem de confiança do padre. Além disso, era secretário particular do então arcebispo de Santiago, Juan Francisco Fresno.
Juan Carlos Cruz, vítima de Karadima, garante que Barros o viu ser abusado pelo padre. "Como se eu pudesse ter feito uma selfie enquanto Karadima abusava de mim com Barros em pé ao lado dele, vendo tudo", ironizou ele após as declarações do Papa no Chile.
O bispo de Osorno nega as acusações.
Os denunciantes de Karadima ainda afirmam que Barros, no papel de secretário do arcebispo de Santiago, ignorava as acusações contra o padre. (ANSA)
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