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Eleições/Walter Petruzziello, candidato à Câmara da Itália

21/02/2018 14h39

SÃO PAULO, 15 FEV (ANSA) - Walter Petruzziello é um dos candidatos do Movimento Associativo dos Italianos no Exterior (Maie) à Câmara dos Deputados nas eleições legislativas de 4 de março.   

Presidente do único Ferrari Club no Brasil reconhecido pela montadora de Maranello, ele também é economista e advogado.   

Nascido em Pratola Serra, na região da Campânia, Petruzziello emigrou ao Brasil com a família ainda bebê.   

No país, foi presidente do Comitê dos Italianos no Exterior (Comites) da circunscrição de Paraná e Santa Catarina e representante no Conselho-Geral dos Italianos no Exterior (Cgie). Pelo Maie, já foi candidato a deputado e senador.   

As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que o senhor propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? Em relação ao tema comercial, eu acredito que é absolutamente necessário um diálogo maior com o governo brasileiro do que com o governo italiano. Acho que o Brasil é que impede mais esse relacionamento, pelas suas atitudes em relação ao comércio exterior. Um país extremamente protetivo, que tem alta carga tributária e dificulta muito essa relação comercial. Eu acredito que um parlamentar pode iniciar um diálogo com os colegas brasileiros nesse sentido, com o Parlamento brasileiro, e depois, evidentemente, tentar aproximar o Executivo brasileiro com as pessoas competentes do mesmo nível na Itália.   

Qual é a proposta do senhor para aproximar Brasil e Itália na cultura e no turismo? A Itália, nós todos sabemos que é um dos países mais visitados do mundo. Perdemos ainda para os Estados Unidos, França e Espanha, mas, também neste campo, é o Brasil que tem que tomar uma iniciativa maior do que a Itália. Nós temos, como todos sabem, uma restrição muito grande ao turista italiano. Claro que, quando a gente fala em turismo, não é para vir aqui ficar um ano, porque já não é mais turismo, mas temos hoje a restrição dos vistos de entrada, a questão dos 90 dias, também do custo, que é muito alto. Então acredito que, mais uma vez, um diálogo entre as autoridades italianas e brasileiras será fundamental para resolver isso.   

Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações com o Brasil e vice-versa? Não, eu não acredito que a Itália negligenciou, porque, em que pese ter vindo só o Matteo Renzi por ocasião das Olimpíadas, muitos ministros, muitas autoridades italianas, vieram aqui ao Brasil nos últimos anos. Deputados, ministros, próprios senadores. O que talvez falte é um pouco mais de divulgação e um encontro maior não só com as autoridades locais, com as autoridades brasileiras, mas principalmente com a comunidade italiana. Eu acho que uma autoridade italiana, seja primeiro-ministro, seja ministro, que venha ao Brasil apenas circular em um pequeno grupo de pessoas, é muito irreal. Precisa alargar essas visitas e esses contatos.   

As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Eu acho que é muito importante, porque nós sabemos o que aconteceu no Brasil, e fica muito difícil para um governo estrangeiro tentar, digamos assim, ser um apoiador do governo brasileiro, porque há sempre aquele estigma do golpismo, que o atual governo tenha assumido em condições muito diferentes das normais. Então acredito que, na próxima legislatura, no próximo governo, vai se ter a possibilidade de ter um diálogo muito mais franco, mais honesto, e de as relações com os dois países serem muito mais aproximadas e muito melhores.   

O senhor é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Absolutamente a favor. Fiz muitas palestras sobre a questão do Battisti, em universidades, a alunos, sobre o caso, o que aconteceu. Eu conheço a história e acho que o que foi feito em relação a este procedimento foi um crime, que foi feito em relação às pessoas que sofreram os danos que sofreram devido a essa figura. Eu acho que o governo brasileiro devia repensar este caso e acho que a Itália está esperando Battisti de braços abertos.   

Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que o senhor pensa dessa visão? Essas pessoas estão equivocadas, porque nós sabemos que o que Lula fez no último dia de governo foi apenas um um ato de proteção. Em que pese poder ser legal nós dizermos que ele está legalmente aceito, cometeu um ato apenas para proteger uma pessoa que circulava, digamos, nos meios políticos em que ele também circulava. Então não há nenhuma interferência. Se a Itália quisesse fazer interferência, a Itália não teria extraditado [Henrique] Pizzolato, por exemplo, que é um cidadão italiano, e que foi extraditado por um erro dele mesmo, porque se estivesse na Itália com o seu nome verdadeiro, talvez não fosse extraditado. Então não há nenhuma interferência, e o governo italiano está absolutamente certo. (Continua)
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