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Itália deve ter professor antieuro como ministro de Economia

23/05/2018 17h50

ROMA, 23 MAI (ANSA) - Apesar de terem desistido da proposta para tirar a Itália da zona do euro, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga devem indicar um professor contrário à moeda comum como ministro de Economia e Finanças da Itália.   

Mesmo com a resistência do presidente Sergio Mattarella, os dois partidos insistem em dar o comando da economia italiana a Paolo Savona, 81 anos, conhecido pelas suas posições eurocéticas. "O ministro de Economia será Savona", garantiu o deputado Giancarlo Giorgetti, "braço direito" do secretário da Liga, Matteo Salvini.   

O próprio parlamentar era cotado para assumir a pasta caso Savona seja "vetado" por Mattarella, que vem forçando a nova aliança a adotar uma postura mais europeísta. Ministro da Indústria entre 1993 e 1994, Savona acredita que a União Europeia e o euro são criações da Alemanha para controlar o continente.   

Em um livro que será lançado nas próximas semanas, ele diz até que Berlim não mudou a visão sobre "seu papel na Europa depois do fim do nazismo, ainda que tenha abandonado a ideia de impô-la militarmente". Apesar disso, Savona tem relações estreitas com o establishment político e econômico da Itália.   

"A figura, a espessura, a honestidade e a retidão do professor Savona seriam uma garantia para 60 milhões de italianos que finalmente teriam alguém que negocia, que não impõe, mas que negocia, na Europa. Com o princípio, no entanto, de que o interesse nacional italiano vem primeiro", disse Salvini.   

Nos tempos de oposição, o secretário da Liga defendia enfaticamente a saída da Itália da UE, enquanto o M5S pregava a realização de um plebiscito para tirar o país da zona do euro.   

Ambas as posições ficaram mais moderadas na última campanha eleitoral, e agora os dois partidos descartam um rompimento com Bruxelas.   

Ainda assim, seu programa de governo promete abrir uma batalha para reduzir as regulamentações impostas pela União Europeia, principalmente nos setores agroindustriais, e para alterar o Pacto de Estabilidade, que estabelece limites rígidos de déficit (3% do PIB) e endividamento (60%) para os Estados-membros - o ex-premier Matteo Renzi tentou levar essa briga adiante, sem sucesso.   

Além disso, Liga e M5S querem se opor a aspectos "que comportem um enfraquecimento excessivo da tutela dos direitos dos cidadãos" em negociações de tratados comerciais, como aquele com o Mercosul, que não é citado nominalmente no programa.   

Também preocupam Bruxelas a postura do futuro governo sobre a crise migratória - Salvini, provável ministro do Interior, promete proibir desembarques de pessoas resgatadas no Mediterrâneo e expulsar dezenas de milhares de imigrantes clandestinos - e os gastos previstos no acordo Liga-M5S, que combina generosas desonerações tributárias com aumento de despesas sociais.   

De toda forma, qualquer medida de teor anti-UE deve encontrar franca resistência do presidente Mattarella, que tem o poder constitucional de nomear ministros, sancionar ou não leis e até de dissolver o Parlamento.   

Enquanto isso, o mercado financeiro segue apreensivo. A Bolsa de Milão fechou o pregão desta quarta-feira (23) com baixa de 1,31%, em 22.911 pontos. Já o spread (diferença) entre os títulos de Estado emitidos pela Itália e os da Alemanha está em 189 pontos, mas chegou a atingir 195, o máximo desde junho de 2017. (ANSA)
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