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Pela 1ª vez, Colômbia terá vice-presidente mulher

Raul Arboleda/AFP
Imagem: Raul Arboleda/AFP

Oscar Escamilla

Em Bogotá

30/05/2018 19h15

Pela primeira vez na história, a Colômbia terá uma vice-presidente mulher, independentemente do candidato vitorioso no segundo turno das eleições, que ocorrerá em 17 de junho.   

A disputa está entre Iván Duque, do partido conservador Centro Democrático, e o ex-guerrilheiro de esquerda Gustavo Petro, do Movimento Colômbia Humana.   

Martha  Lucía  Ramírez, vice de Duque, e Angela  María Robledo, de Petro, aspiram ocupar um cargo criado pela Constituição de 1991 e que até agora é um privilégio masculino. 

Tanto Ramírez como Robledo são profissionais com grandes objetivos e carreiras políticas de destaque, mas distantes em temas como família, assuntos de gênero e visões sobre o país que almejam.   

A candidata conservadora à Vice-Presidência é uma advogada especializada em temas comerciais e financeiros que se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Defesa, durante o primeiro mandato do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2006).   

Antes, havia exercido o cargo de ministra do Comério Exterior (1998-2002) durante todo o mandato de Andrés Pastrana. Ramírez foi senadora entre 2006 e 2009, pelo Partido Social de Unidade Nacional, coalizão formada por políticos ligados a Uribe e que levaram Juan Manuel Santos à Presidência.   

Desde então, participou de duas consultas internas para ser candidata presidencial, primeiramente pelo Partido Conservador e depois pelo Centro Democrático, onde foi derrotada por Duque, que a designou como sua vice.   

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Tanto pelo seu trabalho político como profissional, Ramírez é próxima aos grandes empresários do país e aos seus interesses.   

Já Robledo é uma psicóloga com mestrado em política social, o que a levou ao cargo de reitora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Xaveriana e presidente da Associação Colombiana das Faculdades de Psicologia.   

Ela ingressou na política e na administração pública para ajudar o então prefeito de Bogotá, Antanas Mockus, de quem foi diretora do Departamento de Bem-Estar Social (2001-2003).   

Chegou à Câmara dos Deputados pelo Partido Verde (de centro), onde esteve durante dois períodos (2010-2014 e 2014-2018), e foi eleita "melhor congressista" do país em duas ocasiões.   

Seu trabalho legislativo foi direcionado à luta em favor das crianças e das mulheres - ela é coautora da lei que combate a impunidade em casos de violência sexual em conflitos armados.   

Além disso, defende a norma que permite o aborto em casos excepcionais.   

Em seu programa de governo, Petro e Robledo planejam efetivar a igualdade de gênero no trabalho, ampliar a licença maternidade para 24 semanas e defender os direitos femininos. Já a proposta de Duque e Ramírez visa endurecer as penas contra homens agressores e assassinos de mulheres, além de potencializar o papel feminino no mercado de trabalho.   

Contudo, o programa político do partido conservador não contempla a defesa dos direitos sexuais femininos, dando ênfase a temas de família e moralidade.