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Salvini admite ter usado migrantes para chantagear UE

30/08/2018 15h31

ROMA, 30 AGO (ANSA) - O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, admitiu nesta quinta-feira (30) que usou 177 migrantes resgatados no Mediterrâneo para "chantagear" a União Europeia.   

A declaração foi dada após o secretário da ultranacionalista Liga ter descoberto que é investigado por outros crimes além de sequestro de pessoas, abuso de poder e prisão ilegal, no caso do navio Diciotti, da Guarda Costeira italiana, que ficou bloqueado por cinco dias no Porto de Catânia.   

"Percebo que existe um novo crime, a chantagem à União Europeia, não sabia que existia. Estão modificando o código penal. Bem, então reivindico a chantagem à União Europeia", afirmou Salvini, durante uma visita a Veneza. O ministro ainda acrescentou que as suspeitas contra ele são "medalhas".   

O Ministério Público de Agrigento abriu um inquérito contra Salvini por sequestro de pessoas, abuso de poder e prisão ilegal, mas, segundo jornais italianos, os procuradores apuram também as hipóteses de "sequestro de pessoas com fim de coação" e "omissão de ato de ofício".   

O próprio ministro disse em várias ocasiões que não liberaria os migrantes do Diciotti enquanto a União Europeia não chegasse a um acordo para redistribui-los entre seus Estados-membros. Além disso, ele teria ignorado pedidos da Guarda Costeira para definir um "porto seguro" para o desembarque do navio, indicando Catânia apenas como "escala técnica".   

"Arrisco 30 anos na cadeia por ter defendido o direito à segurança dos italianos? Sorrio, trabalho ainda mais e sigo em frente", declarou o secretário da Liga no Twitter. Os menores de idade resgatados pelo Diciotti puderam descer do navio sem pré-condições, mas os adultos só saíram após a Igreja Católica, a Albânia e a Irlanda terem se comprometido a recebê-los.   

Também vice-primeiro-ministro, Salvini é o artífice do endurecimento das políticas migratórias da Itália e fechou os portos do país para navios de ONGs que operam no Mediterrâneo.   

Seu objetivo é impedir a chegada de migrantes pelo mar e forçar a União Europeia a dividir o peso do primeiro acolhimento daqueles que conseguirem concluir a travessia. (ANSA)
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