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Em meio à pandemia, Papa diz que vida é medida pelo amor

Papa Francisco durante celebração do Domingo de Ramos, que teve participação apenas de um cardeal, diáconos e alguns poucos religiosos, além do coro, que foi reduzido - Alberto Pizoli/Pool/AFP
Papa Francisco durante celebração do Domingo de Ramos, que teve participação apenas de um cardeal, diáconos e alguns poucos religiosos, além do coro, que foi reduzido Imagem: Alberto Pizoli/Pool/AFP

05/04/2020 09h51

Na celebração do Domingo de Ramos, que dá início à Semana Santa, o papa Francisco prestou solidariedade novamente a todos que sofrem e estão sozinhos em meio à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e afirmou que, neste momento, a vida é medida pelo amor. "Hoje, no drama da pandemia, diante de tantas certezas que desmoronam, diante de tantas expectativas traídas, no sentido de abandono que prende nossos corações, Jesus diz a cada um: 'Coragem: Abre o coração ao meu amor. Você sentirá o consolo de Deus, que te sustenta", disse o Pontífice.

Durante a missa na Basílica de São Pedro, realizada sem a presença de fiéis, Francisco afirmou que todas as pessoas estão no mundo para amar a Deus e uns aos outros, porque é isso que permanece, o resto passa. "O drama que estamos passando nos leva a levar a sério o que é sério, a não nos perdemos em coisas triviais, a redescobrir que a vida é inútil se não for servida, porque a vida é medida no amor", explicou. O Santo Padre pediu para que, durante este período de isolamento domiciliar, os fiéis se lembrem que não estão sozinhos. "Quando nos sentimos encurralados, quando nos encontramos num beco sem saída, sem luz nem via de saída, quando parece que nem Deus responde, lembremo-nos que não estamos sozinhos".

A propagação da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, obrigou o Vaticano a realizar mudanças drásticas na Semana Santa, que habitualmente reúne milhares de pessoas. Neste domingo, que abre as celebrações, os fiéis participariam da missa com ramos nas mãos, na Praça de São Pedro. No entanto, Francisco presidiu a cerimônia apenas com um cardeal, diáconos e alguns poucos religiosos, além do coro, que foi reduzido. A Basílica foi decorada com oliveiras e outras plantas.

Neste cenário, Jorge Bergoglio destacou a importância de fazer orações, ter atenção ao próximo e "permanecer diante do crucifixo, medida do amor de Deus por nós". "Diante de Deus, que nos serve até dar a vida, peçamos a graça de viver para servir. Procuremos contatar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer", apelou. Na homilia, o Papa ainda fez uma alusão ao sofrimento interior vivido por milhares de pessoas, que muitas vezes parecem estar em um beco sem saída e na solidão. "Jesus experimentou o abandono total, a situação mais estranha para ele, a fim de ser em tudo solidário conosco. Ele fez por mim, por ti, para te dizer: 'Não temas! Não estás sozinho'", declarou.

Francisco também refletiu sobre a figura de "Jesus como servo", aquele que "amou primeiro". Segundo ele, foi esse amor que o levou a sacrificar-se pelas pessoas "sem reagir, somente com a humildade, paciência e obediência do servo, exclusivamente com a força do amor". "É algo que nos deixa sem palavras".

Por fim, o líder religioso fez referência a duas das "situações mais dolorosas para quem ama", também vividas por Jesus Cristo, "a traição e o abandono".

"Podemos não trair aquilo para que fomos criados, nem abandonar o que conta. Estamos no mundo, para o amar a Ele e aos outros: o resto passa, isto permanece", recomendou.

Para o Pontífice, "é certo que amar, rezar, perdoar, cuidar dos outros, tanto em família como na sociedade, pode custar, pode parecer uma via-sacra. Mas a rotina do serviço é o caminho vencedor, que nos salvou e salva a vida".