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Ministra propõe regularização de 600 mil imigrantes na Itália

Africanos deixam embarcação na Itália após operação de resgate de imigrantes no mar Mediterrâneo - AFP PHOTO / Giovanni ISOLINO
Africanos deixam embarcação na Itália após operação de resgate de imigrantes no mar Mediterrâneo Imagem: AFP PHOTO / Giovanni ISOLINO

14/04/2020 09h52

A ministra da Agricultura da Itália, Teresa Bellanova, de centro, defendeu nesta terça-feira (14) a regularização de 600 mil imigrantes que estão em condição irregular no país para ajudar na retomada da economia nacional, abalada pela pandemia do novo coronavírus.

A proposta está em um artigo publicado pelo jornal Il Foglio e acolhe uma sugestão feita por dois colunistas do mesmo diário, Carlo Stagnaro e Luciano Capone, que chamavam atenção para "600 mil invisíveis sem acesso a assistência socioeconômica e que escapam a qualquer possibilidade de monitoramento".

"Estou de acordo: chega de hipocrisia. É colocar a cabeça na areia. Essa é minha resposta ao questionamento de Carlo Stagnaro e Luciano Capone na reflexão sobre aqueles '600 mil clandestinos a serem regularizados para religar a economia italiana'", escreve Bellanova, que pertence ao partido Itália Viva (IV) e é a principal representante do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi no governo.

"Ou somos nós, a política, quem governa, a assumir a responsabilidade até o fim pelas contradições que a realidade nos impõe sob os olhos, ou algum outro fará: a criminalidade", acrescenta.

Para Bellanova, isso permitiria enfrentar a "urgência da falta de mão de obra na agricultura", que coloca em risco produtores, postos de trabalho, investimentos e a própria cadeia do setor alimentício. Segundo a ministra, a regularização também ajudaria a evitar uma "emergência humanitária" nos "assentamentos informais superlotados de pessoas que não trabalham ou o fazem na invisibilidade total".

"Estão sob risco da fome, abandonados a si mesmos e à mercê da ameaça do vírus", diz. Bellanova também ressalta que não exclui a utilização de mão de obra italiana na agricultura, mas afirma que hoje existe uma carência de 350 mil trabalhadores no setor, uma vez que a maior parte dos 400 mil estrangeiros que atuam regularmente nas colheitas não irão ao país neste ano por causa da pandemia.

"Colocar fim aos guetos, à clandestinidade, à ilegalidade e à concorrência desleal que prejudica nossa reputação no cenário internacional significa uma resposta da civilização e soluções estruturais necessárias para o país e sua economia", conclui a ministra.

Recentemente, o prefeito de Bergamo, Giorgio Gori, do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), ex-legenda de Bellanova, também havia defendido a contratação de estrangeiros para as lavouras italianas.