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Pesquisadores italianos identificam coronavírus em lágrimas de paciente

Um médico em traje de proteção visita uma pessoa que sofre da doença de coronavírus (COVID-19) em sua casa em Bergamo, o epicentro do surto da Itália - FLAVIO LO SCALZO/REUTERS
Um médico em traje de proteção visita uma pessoa que sofre da doença de coronavírus (COVID-19) em sua casa em Bergamo, o epicentro do surto da Itália Imagem: FLAVIO LO SCALZO/REUTERS

22/04/2020 08h42

Pesquisadores do Instituto Lazzaro Spallanzani, principal referência em doenças infecciosas na Itália, identificaram o coronavírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, nas lágrimas de uma paciente infectada.

O estudo foi publicado na revista acadêmica Annals of Internal Medicine, dos Estados Unidos, e demonstrou que o vírus também é capaz de se replicar na conjuntiva, membrana mucosa que reveste o lado interno da pálpebra e a parte branca do olho.

Partindo de uma amostra coletada de uma paciente com o Sars-CoV-2 internada no Spallanzani, em Roma, no fim de janeiro, e que também apresentava conjuntivite, os pesquisadores conseguiram isolar o vírus, demonstrando sua capacidade de se replicar fora do sistema respiratório.

"Esse estudo demonstra que os olhos não são apenas uma das portas de entrada para o vírus no organismo, mas também uma potencial fonte de contágio", diz Concetta Castilletti, chefe do departamento de vírus emergentes do laboratório de virologia do Spallanzani.

"Isso exige o uso apropriado de dispositivos de proteção em situações nas quais se pensava estar relativamente seguro em relação ao risco de contágio, como exames oftalmológicos", acrescenta.

A pesquisa ainda demonstrou que as secreções oculares podem conter o Sars-CoV-2 depois que ele não é mais encontrado nas vias respiratórias. No caso da paciente em questão, o novo coronavírus não aparecia em amostras do sistema respiratório após três semanas de internação, mas as lágrimas apresentaram resultado levemente positivo até o 27º dia.

"Essa é mais uma pequena peça que se insere no complicado quebra-cabeça desse vírus", afirma Marta Branca, diretora-geral do Spallanzani. O próximo passo é verificar o quanto o Sars-CoV-2 continua ativo e potencialmente transmissível nas secreções oculares.