Governo Bolsonaro insiste para que Butantan entregue a Coronavac
SÃO PAULO, 16 JAN (ANSA) - Em novo ofício enviado ao Instituto Butantan, o Ministério da Saúde voltou a exigir neste sábado (16) a entrega de todas as 6 milhões de doses disponíveis da Coronavac, vacina chinesa importada pelo governo do estado de São Paulo.
O documento diz que a "responsabilidade pela elaboração, atualização e coordenação do plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19 é do Ministério da Saúde".
"Logo, não podemos delegar a distribuição das vacinas, sobretudo em razão do estado de excepcionalidade que o país atravessa em razão da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus", afirma o ofício.
Além disso, o Ministério da Saúde alega que o contrato firmado com o Butantan não prevê "distribuição das doses de vacina diretamente" pelo instituto paulista. "Por fim, há a necessidade da imediata entrega das 6 milhões de doses para que o cronograma de distribuição não seja comprometido e não ocorra atraso no início da vacinação da população brasileira", diz o documento.
O posicionamento do Ministério da Saúde é uma resposta a um ofício no qual o Butantan afirma que entregará as doses requeridas, mas questiona quantas unidades serão mantidas em São Paulo, "como de praxe para as demais vacinas produzidas pelo instituto".
"Aguardamos a orientação quanto ao início da campanha de vacinação, com confirmação de data e horário definidos, considerando que deverá ocorrer simultaneamente em todos os estados do Brasil. Por fim, ressaltamos que a disponibilização deverá ocorrer tão logo seja concedida a autorização pela agência reguladora", diz o ofício do Butantan, enviado na última sexta-feira (15).
O instituto ainda não se pronunciou sobre a nova requisição do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reunirá neste domingo (17) para decidir sobre a autorização de uso emergencial da Coronavac.
Polêmicas - Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e testada no Brasil em parceria com o Butantan, a Coronavac já foi alvo de críticas e ironias por parte do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a dizer que não compraria o imunizante.
"NÃO COMPRAREMOS A VACINA DA CHINA", disse o mandatário no ano passado ao responder um comentário no Facebook, usando letras maiúsculas para dar ênfase à declaração.
Além disso, comemorou a suspensão dos testes da Coronavac por conta do suicídio de um voluntário. "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu o presidente nas redes sociais.
A Coronavac tem eficácia de 50,38% nos testes conduzidos no Brasil, o que significa que o imunizante reduz pela metade o risco de se contrair o novo coronavírus. (ANSA).
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