OMS desiste de publicar relatório preliminar de missão na China
O comitê de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que foi a Wuhan, na China, para investigar as origens da pandemia de Covid-19 não divulgará o relatório preliminar como havia sido anunciado anteriormente, informou o "Wall Street Journal" nesta sexta-feira (5).
Segundo a publicação, apenas o documento final e revisado será publicado para tentar evitar o aumento ainda maior na tensão entre Estados Unidos e China no assunto. Enquanto os chineses se dizem "transparentes" e cobram que o início da crise sanitária também seja investigada nos EUA, Washington acusa Pequim de dificultar o trabalho dos especialistas e de esconder informações cruciais.
A decisão contraria o que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, havia anunciado em 12 de fevereiro. Naquele dia, o chefe do órgão informou que um relatório interino seria divulgado "em breve" e a notícia também havia sido confirmada por alguns dos membros da equipe que foi a Wuhan.
No entanto, o "WSJ" entrevistou Peter Ben Embarek, líder da equipe na China, que confirmou que apenas o relatório final será publicado "nas próximas semanas e irá incluir as descobertas principais". Ainda conforme Embarek, um relatório preliminar "não teria todos os detalhes" e, dado o "enorme interesse" nesse documento, "um resumo não iria suprir a curiosidade dos leitores".
O jornal norte-americano ainda destaca que um grupo de 26 cientistas internacionais enviou uma carta à OMS pedindo que o relatório de Wuhan seja eliminado e um novo seja feito por considerarem que Pequim ocultou informações importantes sobre o início da pandemia. Isso porque eles consideram que deveriam ter sido ouvidas as pessoas que atuaram já nos primeiros casos, sejam médicos, enfermeiros ou pacientes que sobreviveram - algo que não ocorreu.
O comitê da OMS foi acompanhado por um grupo de cientistas chineses durante todas as investigações, o que mostra que Pequim tinha acesso a todas as informações que estavam sendo requisitadas e obtidas.
A cidade de Wuhan é considerada o "marco zero" global da pandemia de Covid-19 por ser o local onde os primeiros casos de uma "pneumonia anormal" foram registrados em dezembro de 2019.
Muitos cientistas e governos acusam Pequim de ter demorado para notificar os casos e por ocultarem a gravidade da crise sanitária que já enfrentavam.
No entanto, os chineses dizem que foram apenas os primeiros a notificarem a doença e usam como base para a acusação o fato de que vários países europeus - e até mesmo os EUA - têm estudos dizendo que o coronavírus Sars-CoV-2 foi encontrado em amostras de sangue de pacientes e no esgoto entre os meses de setembro e dezembro de 2019.
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