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Mais de 2 milhões de vacinas da AstraZeneca não foram usadas na Itália

04/05/2021 14h11

Mais de 2 milhões de vacinas anti-Covid da AstraZeneca ainda estão guardadas em refrigeradores na Itália, o que representa mais de 30% do total de cerca de 6,6 milhões entregues pela multinacional anglo-sueca até o momento.

O imunizante da AstraZeneca responde por 57,1% de todas as doses ainda não administradas das quatro vacinas já em uso na Itália, que também emprega as fórmulas da Pfizer, Moderna e Janssen.

Ao todo, a multinacional anglo-sueca entregou 6.565.080 vacinas à Itália, das quais 2.039.973 ainda não foram utilizadas. O total de doses não administradas dos quatro imunizantes é de 3.572.061.

Parte dessa reserva se deve à necessidade de guardar vacinas para a segunda dose, mas no caso do imunizante da AstraZeneca, que tem um intervalo de três meses entre a primeira e a segunda aplicação, também se explica pela desconfiança da população.

De forma geral, a Itália já aplicou 85,6% das doses disponibilizadas pelos quatro fabricantes, mas esse índice é de cerca de 70% para a vacina da AstraZeneca. Em Nápoles, a polícia foi obrigada a intervir em um centro de vacinação nesta terça-feira (4) para conter uma confusão provocada por pessoas que não queriam esse imunizante.

"Diversos usuários recusaram a AstraZeneca sem apresentar motivos válidos. Para evitar que a situação se deteriorasse, tendo em vista os insultos e as ameaças verbais aos operadores sanitários, pedimos a intervenção da polícia para acalmar os protestos", disse um funcionário da Agência Sanitária de Nápoles.

A confusão ocorreu no dia da convocação da faixa etária entre 60 e 69 anos, e algumas pessoas exigiam ser vacinadas com as fórmulas da Pfizer ou da Moderna.

O Ministério da Saúde da Itália recomenda a aplicação preferencial da vacina da AstraZeneca em cidadãos com mais de 60 anos de idade, mas a trajetória do produto é marcada por uma série de reviravoltas.

Inicialmente, a vacina da AstraZeneca era usada na Itália apenas em pessoas com menos de 65 anos devido à falta de dados sobre sua eficácia em idosos. No início de março, no entanto, o país seguiu a recomendação de vizinhos europeus e estendeu o imunizante para todas as faixas etárias.

Contudo, um mês depois, as autoridades sanitárias italianas recomendaram o uso preferencial da vacina em maiores de 60 anos por causa do surgimento de casos graves de trombose aliada a baixa contagem de plaquetas em não-idosos, embora a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) tenha deixado claro que os benefícios do produto superam os riscos em todas as faixas etárias.

Agora, o coordenador das ações antipandemia do governo, general Francesco Figliuolo, admitiu que já se estuda a hipótese de voltar a usar o imunizante em não-idosos.

Até o momento, foram aplicadas cerca de 21,2 milhões de vacinas anti-Covid na Itália, sendo que 6,4 milhões de pessoas, 10,7% da população nacional, tomaram as duas doses da AstraZeneca, da Pfizer ou da Moderna ou a dose única da Janssen e completaram o ciclo de imunização.